18/01/2010

Falar Verdade a Mentir, de Almeida Garrett

Falar Verdade a Mentir, de Almeida Garrett


  •         Primeira representação
    Representado pela primeira vez em Lisboa, no dia 7 de Abril de 1845, no Teatro da Sociedade Tália.

    ·         Estrutura externa
    Acto único, divido em 17 cenas.

    ·         Espaço
    A Acção decorre num hotel de Lisboa ( DUARTE -É verdade, e como se arranjam neste hotel? É o melhor de Lisboa. Os quartos não são grandes, não...). O espaço social caracteriza-se pela vida mundana e boémia.

    ·         Personagens
    José Félix - é uma personagem central na obra, que tudo fará para garantir o dote prometido à sua noiva, Joaquina. Ao longo da peça, encarna as várias personagens que permitem validar as mentiras de Duarte. É no fundo, um protagonista, que mente para encobrir as mentiras de outro.

    Duarte Guedes - completamente integrado na vida mundana da cidade de Lisboa, o noivo de Amália não consegue parar de mentir, até porque, como ele próprio afirma, a realidade seria muito aborrecida sem algumas fantasias. 

    Brás Ferreira - pai de Amália, conservador e honesto, não quer entregar a filha a um burlão.

    Amália - jovem e honesta, tal como o pai; por amor, está disposta a perdoar as mentiras de Duarte.

    Joaquina - mulher do povo, criada de Amália e Brás Ferreira, noiva de José Felix.

    General Lemos - referido desde o início, surge em cena só no fim da peça. Decide compactuar com a mentira e protege Duarte. 

    ·         Enredo e estrutura interna
    Introdução: Brás Ferreira, a sua filha Amália e a criada, Joaquina, acabam de chegar do Porto e instalam-se em Lisboa. Durante a estada, Amália espera oficializar o seu noivado com Duarte. Dependente deste futuro casamento está também Joaquina, noiva de José Félix, criado do general Lemos, a quem Amália prometeu um dote.
    No entanto, ambos os casamentos estão em risco, pois Brás Ferreira que por à prova o carácter de Duarte, que é um mentiroso compulsivo, ameaçando terminar o noivado se o apanhar a mentir.
    Para o evitar, Joaquina e José Félix, apoiados por Amália, pensam num estratagema para impedir Duarte de ser apanhado em falso.

    Desenvolvimento: perante Brás Ferreira, Duarte conta uma sucessão de mentiras e, sem ele próprio compreender o que se passa, todas elas são validadas pelas personagens encarnadas por José Félix, que está a ouvir a conversa e intervém sempre que é preciso. 

    Desenlace: no final, é a intervenção do General Lemos, ele próprio apanhado na teia de mentiras, que vai permitir o desfecho desejado - uma vez que Brás Ferreira não conseguiu desmascarar Duarte, consente o seu casamento com Amália, que assim pode entregar a Joaquina o dote que lhe permitirá casar com José Félix.

OS LUSÍADAS, CANTO III - INÊS DE CASTRO- Ficha de trabalho



OS LUSÍADAS, CANTO III - INÊS DE CASTRO- Ficha de trabalho

OS LUSÍADAS, CANTO III - INÊS DE CASTRO

Plano narrativo: História de Portugal


Narrador: Vasco da Gama


No Canto III, Vasco da Gama, agora narrador, começa a contar a História de Portugal ao rei de Melinde. As estrofes 118 a 137 são dedicadas ao episódio da morte de Inês de Castro, no reinado de D. Afonso IV.


O que diz a História de Portugal


Inês de Castro descendia de uma família nobre de Galiza vem para Portugal na companhia de D. Constança, noiva do infante D. Pedro. Nasce então um amor, muito criticado na época, entre D. Inês e o infante.


Razões políticas(D. Inês era galega e a sua descendência podia interferir nos destinos do Reino) e morais ( D. Pedro já era casado) levam D. Afonso IV, pai de D. Pedro, a ordenar a execução de D. Inês.


No dia 7 de Janeiro de 1355, D. Inês é degolada. Mais tarde, D. Pedro perseguirá e castigará os responsáveis pela morte da amada. Em 1360, D. Pedro declara que chegou a casar com D. Inês. O corpo dela é transladado de Coimbra para um túmulo no Mosteiro de Alcobaça, onde repousa, até hoje, ao lado de D. Pedro.


A Morte de D. Inês de Castro vista por Camões


N`Os Lusíadas, D. Inês de Castro é morta por uma espada que lhe trespassa o coração, vítima inocente do Destino e do Amor. O acontecimento histórico dá lugar a um outro, mais poético, que tem sido recontado ao longo dos séculos por vários escritores.


A linguagem utilizada tem características próprias da lírica, pois é muito emotiva e o poeta interrompe várias vezes a narrativa da história para dar a sua opinião.


Resumo


Estrofes

Resumo

118
Introdução: Localização temporal do acontecimento e apresentação das personagens e da história que vai ser contada.
119
O poeta dirige-se ao Amor e responsabiliza-o pela morte de Inês.
120-121
Inês leva, em Coimbra, uma vida feliz e despreocupada. Apenas as saudades do seu príncipe lhe causam alguma preocupação.
122-123
Apresentação de algumas razões que levaram D. Afonso IV a ordenar a morte de Inês: O infante D. Pedro recusa outras pretendentes e o pai convence-se de só a morte de Inês apagará o «fogo aceso» do amor.
124-125
Inês é trazida pelos algozes (carrascos), olha para os filhos e, com voz piedosa e triste, prepara-se para falar ao rei.
126-129
Num discurso comovente, Inês tenta demover Afonso IV, apelando à humanidade do rei.
130(vv.1-4)


Comovido pelas palavras de Inês, o rei hesita, mas o povo e os carrascos convencem-no a prosseguir a execução.


130(vv. 5-8)-132
Inês de Castro é assassinada pelos algozes. Este acto é condenado pelo poeta .
133-135
Nova intervenção do poeta a reforçar a condenação do cruel assassínio. Descrição dos efeitos da morte de Inês na Natureza: os vales ecoaram a sua última palavra - o nome de Pedro - e as lágrimas choradas pelas «filhas do Mondego» transformaram-se na fonte dos Amores, em Coimbra. Descrição emotiva do corpo de Inês morta: « O cheiro traz perdido e a cor murchada:/ Tal está, morta, a pálida donzela, / Secas do rosto as rosas e perdida / Branca e viva cor, co a doce vida», III, 134, vv 4-8.
136-137
Após a subida ao trono, D. Pedro persegue e castiga os responsáveis pela morte de Inês.


Nota que:


Apesar de ser também responsável pela morte de D. Inês de Castro, Afonso IV nem sempre é descrito, neste episódio, como um terrível vilão. O peta tenta, em vários momentos, desculpabilizar a atitude do rei:


  • «Traziam-a os horrificos algozes / Ante o Rei, já movido a piedade; / Mas o povo, com falsas e ferozes / Razões, à morte crua o persuade», III, 124, vv 1-4;
  • Queria perdoar-lhe o Rei benino, / Movido das palavras que o magoam;/ Mas o pertinaz povo e seu destino/ (Que desta sorte o quis) lhe não perdoam», III, 130, vv.1-4.

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