22/03/2010

ULISSES de Maria Alberta Menéres

   A história que leste é a de ULISSES, rei de Ítaca, uma ilha da Grécia Antiga, que era filho do rei Laertes e de Anticleia. As suas aventuras foram escritas pela primeira vez por HOMERO (poeta de quem se pensa ter vivido na Ásia Menor, 850 anos antes de Cristo) e que terá passado a escrito lendas orais conhecidas por toda a Grécia. 

EM ÍTACA

1. «Ulisses vivia numa ilha grega que se chamava Ítaca.»

1.1. Ordena as seguintes frases:

Ulisses fingiu-se doido. _____
Ulisses vivia muito feliz. _____
Páris raptou a lindíssima Helena. _____
Muito contrariado, parte para Tróia. _____
Os amigos foram mais manhosos do que ele. _____
Para ele,Ítaca era a mais linda ilha. ______

2. «Ulisses era rei dessa pequena ilha, mas não um rei de coroa e manto, muito solene.»

2.1. Às questões seguintes responde com um V ( verdadeiro) ou um F (falso).

a) Ulisses era um rei de uma ilha turca. 
b) Ulisses vivia, apenas, com Penélope.
c) Todos o amavam porque era um rei muito solene.
d) Para Ulisses Ítaca era igual a Tróia. 
e) Páris raptou Penélope, e originou a guerra de Tróia.
f) Ulisses fingiu estar doido porque não gostava de guerras. 
g) Os amigos acreditaram e ficaram tristes.
h) Ulisses partiu para Tróia. 

3. Identifica o acontecimento que veio alterar a vida feliz de Ulisses, da sua família e do seu povo. 

O CERCO A TRÓIA

4. os gregos à partida para Tróia pensavam ter uma vitória fácil, mas os acontecimentos não se passaram exactamente como pensavam. E foi então que Ulisses teve uma ideia...
4.1. Perante o grande cavalo de pau, qual das três soluções foi a escolhida pelos troianos?

NA TERRA DOS CICLOPES

5.Ulisses não se quis identificar. Recorreu a um nome falso, que deu origem a uma grande confusão. 
    Relata o que se passou.



NA ILHA DE CIRCE

6. Em terra de Circe quem parte à descoberta da ilha?

7. Que razões levaram Ulisses a ficar noivo?

8. Completa as frases abaixo com a palavra que te parecer mais indicada e de acordo com a ideia do texto original. Ficarás a conhecer mais um episódio das aventuras do valente Ulisses e seus companheiros. 

Minerva oferece a Ulisses ____________________, que o livrará de má ____________________. Circe, ao vê-lo, apaixona-se por ele, mas, mesmo assim, decide transforma-lo num ____________________, o que não consegue. Assombrada, Circe adivinha quem é aquele homem: ____________________. Este desesperado, não reconhece os ____________________. Ao sentir que Ulisses está ____________________, Circe deixa-o partir. Faz voltar à forma de homens os outros marinheiros. pede a Ulisses que se dirija à  ____________________e fale com ____________________. E ainda lhe dá um conselho: quando passassem pelo ____________________, deveriam tapar os ouvidos e resistir ao seu ____________________, pois só assim se poderiam salvar. 

NO REINO DOS INFERNOS

9. Caracteriza o ser fantástico que encontrou nesta ilha. 

NA TERRA DOS FEÁCIOS

10. «O único sobrevivente(...) Ulisses é lançado às praias da ilha que não conhece.»

10.1. De que ilha se trata?

11. Será o rei Alcino uma pessoa generosa? Justifica a tua resposta. 



12. Estamos agora, a chegar ao final da história.
12.1. Ordena de 1 a 12 os últimos acontecimentos desta grande aventura:

- O povo apareceu depois com grande entusiasmo.
- Foi assim a história de Ulisses, o herói das mil façanhas.
- Ulisses estava soberbo, defendendo a sua pátria e o seu povo.
- Ulisses e Telémaco atingiram os pretendentes com setas.
- Ulisses abraçou então Penélope.
- Fingindo pedir esmola, Ulisses entra na sua própria casa. 
- Ulisses deixa cair as suas roupas de mendigo, no meio dos pretendentes. 
- Minerva transforma Ulisses num mendigo velho e triste.
- Ulisses tenta vingar-se dos pretendentes de Penélope.
- Ao lavar-lhe os pés, a sua criada  reconhece-o.
- Ulisses acorda numa praia de areia macia.
- Minerva aparece-lhe e diz-lhe que já chegou a Ítaca. 

13. Indica o nome de uma personagem (à excepção de Ulisses) que tenhas gostado particularmente, referindo o motivo da tua escolha. 

18/03/2010

O Texto poético


ficha de trabalho

17/03/2010

Como analisar um poema


Um Carnaval
Vem ao baile vem ao baile
Pelo braço ou pelo nariz
Vem ao baile vem ao baile
E vais ver como te ris

Deixa a tua tristeza roer
As unhas de desespero
Deixa a verdade e o erro
Deixa tudo vem beber

Vem ao baile das palavras
Que se beijam desenlaçam
Palavras que ficam passam
Como as chuvas das vidraças

Vem ao baile oh tens de vir
E perder-te nos espelhos
Há outros muito mais velhos
Que ainda sabem sorrir

Vem ao baile da loucura
Vem desfazer-te do corpo
E quando caíres de borco
A tua alma é mais pura

Vem ao baile vem ao baile
Pelo chão ou pelo ar
Vem ao baile baile baile
E vais ver o que é bailar.

                                          Alexandre O´Neil, Poesias Completas,
                                          Imp.Nac. - Casa da moeda

1.       Mancha gráfica do poema
  Observando o poema, facilmente se constata que este desenha uma mancha uniforme e regular sobre a folha, os versos iniciais estão grafados com maiúsculas e o único sinal de pontuação que apresenta é o ponto final que encerra o texto. O poema não cria efeitos visuais.

2.       Aspectos formais
A medida dos versos
Para determinar a medida dos versos, contam-se as suas sílabas métricas, isto é, aquelas que se pronunciam aquando da sua leitura.
Vem / ao / bai / le / vem / ao / bai /le = 7 sílabas métricas
   1       2      3      4      5        6       7
A contagem pára na última sílaba tónica ( que poderá ser a última palavra, a penúltima ou a antepenúltima)
De acordo com o número de sílabas métricas, os versos classificam-se em: monossílabos, dissílabos, trissílabos….

O que podemos concluir?
Ao nível de estrutura externa, o poema está escrito em versos. A maioria dos versos tem sete sílabas métricas (heptassílabos). Os versos, por sua vez, agrupam-se em seis estrofes, com um número invariável de versos (quatro), descrevendo, assim, uma estrutura regular constituída por seis quadras.
3.     
  Recursos fónicos
A rima: esquema rimático e classificação da rima.
Determinar o esquema rimático consiste em verificar, assinalando com uma letra, os sons que se assemelham no final de cada verso da estrofe do poema.
Vem ao baile vem ao baile    a
Pelo braço ou pelo nariz   b                                   rima cruzada
Vem ao baile vem ao baile      a
E vais ver como te ris  b

Deixa a tua tristeza roer  c
As unhas de desespero         d                                                                  interpolada        
Deixa a verdade e o erro       d             emparelhada
Deixa tudo vem beber    c

De acordo com os sons que se combinam no final de cada verso, classifica-se o tipo de rima de cada estrofe e / ou do poema:
1ª e última estrofes: rima cruzada
2ª, 3ª, 4ª e 5ª estrofes: rima emparelhada e rima interpolada.
O que podemos concluir?
O poema apresenta o seguinte esquema rimático : a b a b; c d c d ; e f f e ; g h h g; i j j i; a l a l, a rima é pois, cruzada, na primeira e última estrofes, e emparelhada e interpolada nas restantes.

O ritmo

Lendo o poema, apercebemo-nos de que cada verso é lido como contendo dois segmentos, o que resulta da combinação de acentos tónicos e átonos. À cadência que resulta dessa leitura chamamos ritmo. O poema tem pois um ritmo binário.
Repara!
Vem ao baile /vem ao baile
Pelo braço  / ou pelo nariz
Vem ao baile /  vem ao baile
E vais ver / como te ris

Outros efeitos sonoros
·         a aliteração
A leitura da globalidade do poema deixa perceber a enfade que recai na aliteração dos sons /v/ e /b/Vem ao baile /vem ao baile

O que podemos concluir?
O ritmo binário sugere o embalar da música e o evoluir dos pares a dançar.
A aliteração, por seu lado, criando musicalidade, reforça a insistência no convite dirigido ao sujeito poético.

4.       Recursos morfossintácticos

·         tipos de frase

No poema predominam as frases do tipo imperativo veiculando um convite dirigido a um tu - Vem ao baile vem ao baile; Deixa a tua tristeza para trás.

·         Classes morfológicas predominantes
Sobressaem os verbos flexionados no modo imperativo, na segunda pessoa singular. Também na segunda pessoa do singular surgem vários pronomes pessoais: como te ris; perder-te nos espelhos, entre outros.
·         Anáfora
Repara no inicio destes dois versos seguidos: Deixa a verdade e o erro / Deixa tudo vem beber

O que podemos concluir?
A mensagem do poema centra-se num tu, ao qual se dirige insistentemente um mesmo convite.

5.       Figuras de estilo
Personificação
Vem ao baile das palavras / Que se beijam desenlaçam
Comparação
Palavras que ficam passam / Como as chuvas das vidraças

O que podemos concluir?
Estas figuras de estilo sugerem a ideia dos encontros fortuitos que ocorrerão no baile.

6.       Tema

O título - Um Carnaval
Embora o tópico apresentado pelo titulo não seja desenvolvido ao longo do poema, este leva-nos a supor que o baile para o qual se convida o tu será um baile de Carnaval
Campo lexical
Os vocábulos Carnaval, baile, bailar loucura, associados a formas verbais no imperativo, concorrem para o tema desenvolvido no poema.

O que podemos concluir?
O tema do poema:
-um convite
-um baile de Carnaval

16/03/2010

SÍNTESE D`OS MAIAS

Capítulo I
   Inicia-se com a descrição do Ramalhete, a «casa que os Maias vieram habitar em Lisboa, no Outono de 1875», situando no espaço e no tempo aquela que será a intriga principal. Esta é interrompida e há um recuo no tempo - 1820. Conhece-se então a juventude de Afonso da Maia, o seu casamento com Maria Eduarda Runa, o nascimento de Pedro, o exílio da família em Inglaterra por motivos políticos, a educação tradicional portuguesa ministrada a Pedro contra a vontade Afonso, o regresso da família Portugal, a morte de Maria Eduarda Runa, os amores de Pedro e de Maria Monforte, a oposição de Afonso ao enlace do filho com Maria Monforte e a ruptura entre pai e filho após o casamento deste com Maria Monforte.
Capítulo II
   Pedro e Maria Monforte viajam por Itália e Paris em lua-de-mel; após o regresso do casal a Portugal, Maria Monforte, grávida, pressiona Pedro a reatar relações com o pai que se mantém inacessível. Entretanto nasce Maria Eduarda; Pedro da Maia e Maria Monforte vivem faustosamente. Segue-se o nascimento de Carlos Eduardo. Mais tarde, por intermédio do marido, Maria Monforte conhece Tancredo com quem acaba por fugir, levando a filha com ela. Pedro, desesperado, reconcilia-se com o pai, deixa Carlos aos seus cuidados e suicida-se. Afonso, abatido com a desgraça familiar, vai viver com o neto para Santa Olávia.
Capítulo III
   Afonso da Maia e o neto vivem felizes em Santa Olávia, onde recebem assiduamente vários amigos. Vilaça visita-os, comove-se com a cumplicidade entre avô e neto, conversa com as Silveira sobre a educação ministrada a Carlos, totalmente diferente da imposta a Eusébiozinho que, a pedido da mãe, recita um poema ultra-romântico. No final da noite, Vilaça informa Afonso sobre a situação de Maria Monforte e entrega-lhe uma carta remetida por Alencar. Afonso mostra interesse em recuperar a neta e dá conta ao procurador da carta que Pedro escrevera na noite em que se suicidara. Mais tarde, Vilaça escreve a Afonso, comunicando-lhe que, segundo o que Maria Monforte dissera a Alencar, a sua neta morrera em Londres, o que Afonso não consegue, de facto, comprovar. Depois disso, Vilaça morre e o filho assume as funções de procurador da família Maia. Entretanto Carlos da Maia faz o seu primeiro exame com distinção.
Capítulo IV
   É retratado o período de formação académica de Carlos, em Coimbra, no curso de Medicina, vocação já manifestada na infância. Evidencia-se: o carácter diletante de Carlos, as reuniões intelectuais em seu redor, a prática de actividades diversas e a vivência de casos amorosos fugazes. Carlos termina o seu curso e viaja, durante um ano, pela Europa.
  A acção principal, nesse Outono de 1875 é retomada: Afonso encontra-se instalado no Ramalhete, aguardando ansiosamente a chegada do neto, no paquete Royal Mail. H´+a um jantar em honra de Carlos. Após a sua acomodação, Carlos traça vários planos de trabalho, contudo dispersos; e aluga o primeiro andar no Rossio onde instala luxuosa e requintadamente o seu consultório, faltando-lhe, no entanto, doentes. Ega visita-o no consultório e ambos falam sobre os seus projectos. Carlos incita o amigo a aparecer no Ramalhete, dizendo-lhe em linhas gerais como e com quem passa aí o tempo. Ega propõe a Carlos a organização de um Cenáculo, falha-lhe de Craft com admiração e comunica-lhe a intenção de publicar as Memórias de um Átomo.
Capítulo V
  Os amigos da família frequentam o Ramalhete, durante o serão: joga-se bilhar, cartas e conversa-se. Vilaça confidencia a Eusebiozinho que os maias desperdiçam dinheiro inutilmente. Carlos, quase sem pacientes, dispersa-se nas suas actividades. Entretanto, ganha « a primeira libra» da família que é adquirida através do trabalho. Ega, enamorado de Raquel Cohen, leva uma vida dândi. Em sequência da leitura de um excerto de Memórias de um Átomo, na casa dos Cohen, Ega é elogiado na Gazeta do Chiado. Carlos, investigado por Ega, vai em vão ao Teatro de S. Carlos com o intuito de ver a condessa de Gouvarinho. Já em casa, no quarto, obtém de Baptista informações sobre os Gouvarinho. Carlos é apresentado, no Teatro de S. Carlos, por Ega ao Conde de Gouvarinho e conhece a esposa.
Capítulo VI
Carlos visita Ega de surpresa, na Vila Balzac, ninho dos seus amores com Raquel Cohen. Inconscientemente, Ega augura um futuro amoroso trágico para Carlos. Este é apresentado por Ega a Craft, quando casualmente se encontram na entrada do Largo da Graça. Sucede-se o jantar no Hotel Central, organizado por Ega em honra de Cohen. No peristilo do Hotel Central, Carlos, na companhia de Craft, vê Maria Eduarda pela primeira vez e fica deslumbrado. Dâmaso é apresentado por Ega a Carlos; aquele fala sobre os Castro Gomes e sobre o seu tio Guimarães. Ega apresenta Alencar a Carlos , o qual afirma ter sido um grande amigo de seu pai, Pedro da Maia. Cohen chega atrasado, Ega recebe-o com euforia e apresenta-o a Carlos. Durante o jantar, a conversa recai sobe a literatura - Alencar defende o Ultra-Romantismo, Ega o Naturalismo, Craft critica o Realismo, Carlos reage contra o Naturalismo - e as finanças nacionais - a inevitável bancarrota do país. Entretanto, Ega e Alencar desentendem-se violentamente numa discussão literária, acabando, contudo, por se reconciliar. Após o jantar, Carlos e Alencar caminham juntos e este fala sobre o seu passado. Já em casa, Carlos relembra o que Ega certo dia, completamente embriagado, lhe revelara sobre a mãe e o que a seu pedido, mais tarde, o avô lhe contara, nomeadamente a morte da mãe e da irmã em Viena. Nessa noite Carlos sonha com Maria Eduarda.
Capítulo VII
   Depois do almoço, Afonso e Craft jogam uma partida de xadrez. Carlos tem poucos doentes e vai trabalhando no seu livro. Dâmaso, à semelhança de Craft, torna-se íntimo da casa dos Maias, seguindo Carlos por todo o lado e procurando emita-lo. Ega anda ocupado com a organização de um baile de máscaras na casa dos Cohen. Carlos, na companhia de Steinbroken em direcção ao Aterro, vê, pela segunda vez, Maria Eduarda acompanhada do marido. Carlos desloca-se várias vezes, durante a semana, ao Aterro na Esperança de ver novamente Maria Eduarda. A Condessa de Gouvarinho, com a desculpa que o filho se encontra doente, procura Carlos no consultório. Ao serão, no Ramalhete, joga-se dominó, ouve-se música e conversa-se. Carlos convida Cruges a ir a Sintra no dia seguinte, pois tomara conhecimento, por intermédio de Taveira, que Maria Eduarda aí se encontrava na companhia do marido e de Dâmaso.
Capítulo VIII
   Carlos vai com Cruges a Sintra. Aquele procura Maria Eduarda discretamente. Ambos encontram, no Hotel Nunes, Eusebiozinho e Palma «Cavalão» na companhia de Lola e Concha, duas prostitutas espanholas. Carlos e Cruges decidem ir a Seteais em passeio; entretanto, encontram Alencar que os acompanha; sobretudo Cruges e Alencar apreciam e deslumbram-se perante aquela paisagem. De regresso a Sintra, Carlos dirige-se ao Hotel Lawrence e, desiludido, constata que Maria Eduarda já partira. Em monólogo interior, Carlos imagina Maria Eduarda «nas rendas do seu peignoir», em Lisboa. Depois de jantar, «na Lawrence», os três amigos partem para a capital.
Capítulo IX
   Na ausência dos Castro Gomes, Dâmaso, aflito, leva Carlos ao Hotel Central, para consultar a filha de Maria Eduarda que adoecera. Enquanto aguarda no «gabinete toilette», Carlos observa atentamente os objectos pessoais de Maria Eduarda; entretanto, é levado à presença de Rosicler e conhece também Miss Sara. Nessa noite, Ega é expulso por Cohen do baile de máscaras e aquele pede a Carlos que vá com ele aos Olivais conversar com Craft, pois pretende desafiar Cohen para um duelo. Craft e Carlos procuram acalmar Ega, dissuadem-no da sua intenção e aconselham-no a esperar que Cohen o desafie. A Sr.ª Adélia, criada dos Cohen, chega com notícias: Raquel levara uma tareia do marido e reconciliara-se com ele. depois disto, Ega decide ir uns tempos para Celorico, onde vive a mãe, para fugir aos sacarmos de Lisboa. Em monólogo interior, Carlos reflecte sobre o fracasso dos projectos de Ega, considerando que também ele próprio, até ao momento, nada fizera produtivo. Carlos Vê novamente Maria Eduarda com o marido. Passa algum tempo na companhia dos Gouvarinho e acaba por se envolver com a Condessa.  
Capítulo X
   Carlos vive uma aventura amorosa com a Gouvarinho. Ela quer fugir com ele, mas Carlos dissuade-a. Em conversa com o marquês, Carlos confidencia-lhe que Ega está a escrever uma comédia em cinco actos, O Lodaçal, para se vingar de Lisboa. Carlos avista Rosicler na companhia da mãe e cumprimenta-as, ficando novamente bastante perturbado com a beleza de Maria Eduarda. Em monólogo interior, Carlos idealiza uma visita à Quinta dos Olivais com os Castro Gomes. No Ramalhete conversa-se sobre as corridas: Afonso defende as touradas como «sport próprio» da «raça» portuguesa; o marquês apoia-o; Dâmaso considera que as corridas «outro chique». Carlos expõe a Dâmaso o seu plano de conhecer os Castro Gomes numa visita à Quinta dos Olivais; este, embora desconfiado, acede, comprometendo-se a fazer o convite ao casal e a dar conhecimento do eventual encontro a Carlos. Carlos e o marquês vêem Afonso a dar esmola a duas mulheres, o que o deixa embaraçado por ter sido surpreendido na «sua caridade». Segue-se o episódio das Corridas de Cavalos : Carlos e Craft vão juntos para o hipódromo; o ambiente é tristonho, acabrunhado, monótono e ocioso; há uma discussão à entrada do hipódromo entre um «dos sujeitos de flor ao peito» e um polícia; os dois amigos observam o ambiente em redor e dirigem-se para a tribuna onde encontram as mulheres; Carlos conversa com D. Maria da Cunha; o rei D. Carlos é anunciado pelo «Hino da Carta»; começam as corridas; continuam a chegar pessoas e Carlos, inquieto, procura Dâmaso e Maria Eduarda no meio da multidão; Carlos, Craft e Clifford bebem champanhe; instala-se a desordem no hipódromo; discretamente a condessa de Gouvarinho transmite a Carlos a sua intenção de ir ao aniversário do pai ao Porto e o plano que arquitectou para que ambos pudessem ficar uma noite juntos; fazem-se apostas para a corrida do «Grande Prémio Nacional» e Carlos, ao contrário do que seria de se esperar, ganha todas as apostas; finalmente, Carlos, encontra Dâmaso através do qual fica a saber que Castro Gomes partira para o Brasil e que Maria Eduarda estava instalada no primeiro andar de uma casa da mãe de Cruges; Carlos é forçado a aceder ao capricho da Gouvarinho; as corridas terminam e desaparece «todo o interesse fictício pelos cavalos»; Carlos sai sozinho do recinto e passa pela rua de S. Francisco, onde se situa a casa alugada de Maria Eduarda. Ao chegar ao Ramalhete, Carlos toma conhecimento por Craft, que as corridas acabaram com uma cena de murros; ao entrar em casa, um criado entrega-lhe uma carta de Maria Eduarda, na qual esta lhe pede para ir ver, na manhã seguinte, «uma pessoa da família» que se encontrava doente.
Capítulo XI
   Carlos, na sua consulta a Miss Sara, conhece finalmente Maria Eduarda; ambos conversam e esta despede-se com um «até amanhã» que deixa Carlos radiante. Este, contrariado, vai ter com a Condessa à estação de Santa Apolónia; aqui encontra Dâmaso que ia aa Penafiel em virtude do falecimento de um tio; inesperadamente, a Condessa aparece acompanhada pelo marido que, para gáudio de Carlos, assim lhe estraga «o plano» de pernoitar com a amante. Com a desculpa da doença de Miss Sara, Carlos convive diariamente com Maria Eduarda; fica a saber que ela considera Dâmaso «insuportável» e que conhece o tio deste (Guimarães) por intermédio da mãe. Novamente em Lisboa, Dâmaso visita Maria Eduarda que o recebe friamente. Ao ver Carlos na companhia de Maria, Dâmaso pede-lhe, mais tarde, explicações. Depois de o tranquilizar, Carlos informa-o sobre a chegada de Ega a Lisboa, no sábado seguinte, e Dâmaso diz-lhe que também os Cohen tinham regressado de Southamptom, dois dias antes.
Capítulo XII
Ega regressa a Lisboa, instala-se no ramalhete e confidencia a Carlos que a Condessa fala «constantemente, irresistivelmente, imoderadamente» dele. Em conversa com Afonso, Ega e Carlos justificam a sua inércia com a «prodigiosa imbecilidade nacional» e aquele, apercebe-se da falta de estímulo de ambos, incita-os a fazerem «alguma coisa». Segue-se o jantar em Casa do Gouvarinho: Carlos e Ega vão juntos ao jantar; a condessa recrimina Carlos devido às suas ausências e fá-lo saber que, por intermédio de Dâmaso, conhece as suas visitas assíduas à «brasileira» (Maria Eduarda). Durante o jantar, o Conde denuncia a sua ignorância e falta de memória; A Condessa «amuada com Carlos», dá toda a atenção a Ega; D. Maria da Cunha na sua conversa com Carlos tece criticas negativas a Ega; Sousa neto, acossado por Ega, revela-se ignorante relativamente a Proudhon; já reconciliada com Carlos, a Condessa simula um exame médico rápido ao filho e marca um encontro amoroso com ele. Na tarde seguinte, em visita a Maria Eduarda, Carlos declara-lhe o seu amor, que é correspondido, e ambos beijam-se pela primeira vez. Mediante o desejo de Maria Eduarda de viver num lugar mais recatado, com espaço ao ar livre, Carlos compra a Quinta dos Olivais a Craft; Afonso aprova o investimento, desconhecendo, contudo, o verdadeiro motivo do mesmo. Carlos conta a Ega o seu romance com Maria Eduarda e a sua intenção de fugir com ela; Ega sente que esta mulher seria «para sempre, o seu irreparável destino».
Capítulo XIII
    Carlos recebe uma carta da Condessa que, «num tom amargo», marca novo encontro com ele, ao qual este decide não comparecer. Ega conversa com Carlos e informa-o que Dâmaso o tem andado a difamar, bem como a Maria Eduarda, por todos os lugares frequentados por todas as pessoas importantes de Lisboa. Carlos vai aos Olivais proceder aos últimos preparativos para a visita que Maria Eduarda fará, no dia seguinte. De regresso ao Ramalhete, encontra Alencar que não via desde as corridas e confirma por este que Dâmaso o anda a difamar. Maria Eduarda visita os Olivais; ela e Carlos cometem incesto inconscientemente. No dia seguinte, festeja-se o aniversário de Afonso da Maia: Ega sabe pelo Marquês que Dâmaso tem sido visto na companheira de Raquel Cohen. A condessa procura Carlos e este separa-se dela definitiva e friamente.
Capítulo XIV
   Afonso vai para Santa Olávia passar uns tempos. Maria Eduarda instala-se, com Rosicler e seus criados, nos Olivais. Ega vai para Sintra no encaço de Raquel Cohen. Carlos encontra Alencar à porta do Prince que o informa sobre a estada dos Cohen em Sintra e mostra-se interessado em apresentar Guimarães, o que Carlos adia para outra altura. Em monólogo interior, Carlos relembra o seu pai e projecta a fuga  com Maria Eduarda para Itália, mostrando-se apreensivo com a reacção do avô a esta «aventura absoluta». Carlos e Maria Eduarda encontram-se diariamente na Quinta dos Olivais (Toca) e refugiam-se, «numa intimidade mais livre» no quiosque japonês. Acidentalmente, Carlos descobre o envolvimento secreto de Miss Sara com um homem que «parecia jornaleiro», o que o deixa bastante surpreendido e «atordoado». Maria Eduarda visita o Ramalhete na companhia de Carlos; ela falhe-lhe de sua mãe; Ega chega de Sintra. Carlos visita Afonso em Santa Olávia. Castro Gomes vai ao ramalhete falar com Carlos e, em tom irónico, comunica-lhe que não é casado com Maia Eduarda, nem Rosicler é sua filha; Carlos fica transtornado e vai à Toca pedir explicações a Maria Eduarda que, humildemente, lhe revela toda a verdade reafirmando o seu amor por ele. Carlos, comovido, compreende e perdoa-lhe a omissão; pedindo-a em casamento.
Capítulo XV
   No quiosque japonês, Maria Eduarda conta detalhadamente a Carlos o que conhece da sua vida passada. Dadas as circunstancias, e sobretudo para poupar Afonso a esse «desgosto», Ega convence Carlos a casar com Maria Eduarda apenas depois do falecimento do avô. Ega vai jantar com Carlos e Maria Eduarda à Toca e conversam sobre a ideia de criar um Cenáculo a uma revista que «dirigisse a literatura, educasse o gosto, levasse a politica, fizesse a civilização, remoçasse o carunchoso Portugal…»; Maria Eduarda, enlevada, apoia esta intenção. Após o primeiro convívio, cria-se um círculo de amizades que passa a frequentar a Toca. Carlos, incentivado por Maria Eduarda, recomeça a escrever artigos de Medicina para a Gazeta Médica. Segue-se o incidente relacionado com a Corneta do Diabo e A tarde. Ega envia a Carlos um bilhete, juntamente com a Corneta do Diabo na qual vinha uma notícia escandalosa sobre a sua vida pessoal, envolvendo também Maria Eduarda. Carlos e Ega procuram Palma «Cavalão», director do jornal, e este denuncia Dâmaso, como autor do artigo, e Eusebiozinho como seu intermediário. Egas e Cruges vão a casa de Dâmaso a fim de o desafiar para um duelo com Carlos devido ao artigo que tinha mandado publicar. Dâmaso opta por por escrever uma carta de desculpa a Carlos onde se declara bêbado. Afonso regressa de Santa Olávia, Carlos vê-se obrigado a deixar os Olivais e Maria Eduarda instala-se novamente na rua de S. Francisco. Depois de ver Dâmaso a conversar intimamente com Raquel no ginásio, onde decorria a festa de beneficência, Ega, despeitado e vingativo, faz publicar no jornal A Tarde a carta que este remetera a Carlos. O Governo cai, forma-se um novo Governo e o Conde de Gouvarinho é eleito ministro da pasta da Marinha. Dâmaso parte «para uma viagem de recreio a Itália».
Capítulo XVI
   Ega e Carlos, este contrariado por deixar Maria sozinha, vão ao sarau da Trindade, no qual se destaca a oratória superficial e bajuladora de Rufino, o recital de Cruges e a declamação «patriótica» de Alencar… Guimarães é apresentado por Alencar a Ega; aquele pede-lhe explicações sobre a carta de seu sobrinho Dâmaso, que fora publicada no jornal A Tarde; ao saber toda a verdade, e concordando que o sobrinho é um mentiroso, troca» um rasgado aperto demãos» com Ega. Carlos, ao avistar Eusebiozinho, vai ao seu encalço e, em virtude de este ter andado» metido nessa maroteira da Corneta», dá-lhe uma sova. Findo o sarau, Guimarães encontra Ega à porta do Hotel Aliança e diz-lhe que tem em seu poder um cofre de Maria Monforte, de quem fora íntimo em Paris, para entregar a Carlos ou à irmã; Ega aterrorizado descobre casualmente a verdadeira identidade de Maria Eduarda.
Capítulo XVII
Ega, transtornado com os acontecimentos do dia anterior, decide procurar Vilaça e encarrega-lo de revelar a verdadeira identidade de Maria Eduarda a Carlos. Este, angustiado com a fatídica notícia, interpela Afonso sobre o destino da sua irmã, neta de Afonso, e constata que Afonso também desconhece o que se passou. Carlos vai ter com Maria Eduarda a fim de lhe contar a desastrosa descoberta sobre as suas origens, mas irresistivelmente comete incesto de forma consciente. Afonso apercebe-se desta fraqueza do neto e morre com o desgosto. Depois do funeral de Afonso, Carlos refugia-se em Santa Olávia e encarrega Ega de revelar a verdade à irmã e de lhe pedir que esta parta para Paris. Ega encontra-se no dia seguinte com Maria Eduarda na estação de Santa Apolónia, ambos vão de viagem: ela segue para Paris e ele vai encontrar-se com Carlos em Santa Olávia. No Entroncamento despedem-se definitivamente.
Capitulo XVIII
   Carlos e Ega fazem uma viagem pelo mundo, durante um ano e meio. Ega regressa a Portugal, mas Carlos instala-se em parios. Em 1886, Carlos passa o Natal em Sevilha e, no inicio do novo ano, visita Portugal, reencontrando vários amigos com que combina um jantar no Bragança. Segue-se o episódio do passeio final dos dois amigos, durante a deambulação de Carlos e de Ega pela capital, destaca-se: a «estátua triste de Camões», Dâmaso, que entretanto casara e era enganado pela mulher, um obelisco «com borrões de bronze no pedestal», uma «geração nova e miúda que Carlos não conhecia, Charlie (filho da Condessa de Giouvarinho) a vaguear numa vitória «com lentidão e estilo» e Eusébio que casara com uma «avantesma» que « o derreia à pancada». os dois amigos vão ao Ramalhete e entristecem-se com o seu estado de degradação e abandono. Ambos concluem que falharam e Ega afirma que são «Românticos: isto é, indivíduos inferiores que se governam na vida pelo sentimento, e não pela razão…»; Carlos declara que a sua teoria de vida se baseia no «fatalismo muçulmano. Nada desejar e nada recear… Não se abandonar a uma esperança - nem a um desapontamento. Tudo aceitar, o que vem e o que foge, com a tranquilidade com que se acolhem as naturais mudanças de dias agrestes e de dias suaves». O capítulo termina com os dois amigos - que segundos antes afirmavam que «não vale a pena fazer um esforço, correr com ânsia para coisa alguma» - a correrem desesperadamente para apanhar o americano (eléctrico), a fim de chegarem a tempo ao convívio marcado com «os rapazes» no Bragança. 

ESTRUTURA D`OS MAIAS


Os Maias são constituídos por 18 capítulos:

·         Os três primeiros capítulos relatam os antecedentes da Família Maia entre o ano de 1820 e 1875, portanto, 55 anos (mais ou menos 85 páginas);
·         Os catorze capítulos seguintes contam a história de Carlos da Maia durante os cerca de 14 meses que viveu em Lisboa, desde o Outono de 1875 até aos finais de 1876; interligada com os «Episódios da Vida Romântica» (mais ou menos 590 páginas);
·         O último capítulo narra a visita de Carlos a Lisboa, depois de «um exílio de quase dez anos», em Janeiro de 1887 (mais ou menos 27 páginas).
   No romance existem duas histórias: uma intriga secundária - a relação amorosa infeliz de Pedro da Maia e de Maria Monforte - e uma intriga principal - que se desenrola em paralelo com a crónica de costumes. Entre a acção secundária e a principal há pontos comuns não só no desabrochar dos amores, como também no seu desfecho trágico.
   Embora o romance comece com apresentação a «casa [o Ramalhete] que os Maias vieram habitar em Lisboa, no Outono de 1875», e para dar lugar aos antecedentes da família Maia, como preparação para a acção principal: a juventude de Afonso; a infância e educação de Carlos; a formação académica de Carlos em Coimbra e a sua primeira viagem pela Europa.
   Só depois, a partir do capítulo III, é que se reinicia a narração da acção central - «E então Carlos Eduardo partira para a sua longa viagem pela Europa. Um ano passou. Chegara esse Outono de 1875: e o avô, instalado enfim no Ramalhete, esperava por ele ansiosamente.»- cujo desenlace consiste na degradação familiar: a morte de Afonso da Maia e separação definitiva de Carlos e Maria Eduarda.
   O capítulo XVIII constitui o epílogo da obra: dez anos depois, em 1887, Carlos visita Lisboa e encontra-se inseparável de Ega, com quem viajara pelo mundo, antes de se instalar em Paris. Neste reencontro, e nas reflexões dos dois amigos ao deambularem pela capital, transparece um pessimismo amargo que resulta não só do fracasso pessoal de ambos, mas também do ambiente que os rodeia. 

OS MAIAS de Eça de Queirós


ACÇÃO

Acção Principal
·         Relação amorosa incestuosa entre Carlos da maia e Maria Eduarda.
(Acção Fechada - morte de Afonso da Maia e separação definitiva de Carlos e Maria Eduarda).

Acção Secundária

·         A relação amorosa infeliz entre Pedro da Maia e Maria da Monforte.
(Acção fechada - fuga de Maria Monforte com Tancredo, que leva a filha e deixa Carlos; e consequente suicídio de Pedro da Maia).

Construção da Narrativa

·         Encadeamento - por exemplo, o desenrolar dos amores entre Carlos e Maria Eduarda.
·         Encaixe - por exemplo, a narração a Carlos da vida passada de Maria Eduarda pela própria.
·         Alternância - por exemplo, a acção principal é interrompida para dar lugar à narração da crónica de costumes.
ESPAÇO
a)      Espaço físico
·         Espaço geográfico - por exemplo, Santa Olávia, Coimbra e Lisboa (espaços associados à personagem de Carlos em diferentes momentos da sua vida); Sintra e os Olivais; referencias ao estrangeiro (Inglaterra, Itália, França, Áustria)…
·         Espaço interior - por exemplo, o Ramalhete, o consultório de Carlos, os teatros de S. Carlos e da Trindade, a Vila Balzac, o Grémio, o Hotel Central, o Tavares, a Havaneza, a casa do Gouvarinho e o primeiro andar da casa de Maria Eduarda habita (em Lisboa); o Nunes e o Hotel Bragança (em Sintra); a toca (propriedade de Craft n`Olivais, associada aos amores de Carlos e de Maria Eduarda.
·         Espaço exterior - por exemplo, o quintal / jardim do Ramalhete e o da Toca; a Rua de São Francisco; a Baixa, o Aterro, o Chiado, o Hipódromo no Campo Grande (em Lisboa); o Palácio da Vila, o Palácio da Pena, O Palácio de Seteais (em Sintra) …

b)      Espaço social
O espaço social está directamente associado ao subtítulo da Obra - «Episódios da Vida Romântica»- que, ao nível da crónica de costumes, constitui uma acção aberta. Os episódios, através de um processo narrativo de alternância, integram-se no desenrolar da intriga principal sem que haja, no entanto, qualquer relação de dependência entre ambos; visando não só retratar, como também criticar uma época (o Portugal da Regeneração) e o ambiente social vividos pela burguesia e alta aristocracia Lisboeta:
·         o jantar no Hotel Central ( capítulo VI)- apresenta uma visão critica relativamente aos exageros do Ultra-Romantismo, ao confronto literário eversivo, à incompetência do director do Banco Nacional e às limitações da mentalidade da alta sociedade lisboeta.
·         as Corridas de cavalos (capítulo X)- apresenta uma visão critica relativamente à mentalidade provinciana da elite da sociedade lisboeta que, na sua ânsia de imitar o estrangeiro, acaba as corridas num « sopro grosseiro de desordem reles».
·         o jantar em casa dos Gouvarinho (capitulo XII)- apresenta uma visão critica relativamente à mediocridade, ignorância e superficialidade da elite social lisboeta, em geral, e à incapacidade da classe política dirigente.
·         o incidente relacionado com a Corneta do Diabo e A tarde ( capítulo XV)- apresenta uma critica relativamente à degradação moral, à corrupção, à aceitação de subornos e ao jornalismo político.
·         o sarau literário do Teatro da Trindade (capítulo XVI)- apresenta uma critica à poesia ultra-romântica, à eloquência vazia e bajuladora da oratória politica, a comportamentos sociais afectados.
·         o passeio final de Carlos e de Ega em Lisboa (capítulo XVIII) - apresenta uma critica à estagnação e incapacidade de desenvolvimento da mentalidade portuguesa, que em dez anos não progrediu significativamente.

c)       Espaço psicológico
À medida que o desenlace da intriga se aproxima, o espaço psicológico assume maior relevância, sobretudo nas personagens de Ega e Carlos.
Exemplos:
·         o sonho (capítulo VI) - Carlos sonha com Maria Eduarda a passar em frente ao Hotel Centra «com uma carnação ebúrnea, bela como uma deusa, num casaco de veludo branco de Génova.»;
·         a imaginação (capítulo VIII) - Carlos, que se deslocara a Sintra na ânsia de ver Maria Eduarda, ao tomar conhecimento que esta já regressara a Lisboa, imagina-a «nas rendas do seu peignoir, com cabelo enrolado à pressa..»;
·         a reflexão (capítulo XVI) - após ter sabido por Guimarães a verdadeira identidade de Maria Eduarda, Ega revela uma profunda inquietação relativamente à descoberta de que ela e Carlos são irmãos, meditando sobre este assunto;
·         a memória (capítulo XVII)- quando Carlos se depara com Afonso da Maia inerte, no jardim do Ramalhete, »imagens do avô, do avô vivo e forte, cachimbando ao canto do fogão, regando de manhã as roseiras, passavam-lhe pela alma, em tropel, deixando-lha cada vez mais dorida e negra…».


TEMPO

Tempo histórico - Consiste na época ou Período da História em que se desenrolam as sequencias narrativas.

Uma vez que Os Maias narram a história de uma família ao longo de três gerações, estas correspondem a momentos histórico -  políticos e culturais diferentes:

·         1ª GERAÇÃO: Afonso da Maia (e Maria Eduarda Runa) - Revoltas Liberais / início do Romantismo;
·           GERAÇÃO: Pedro da Maia ( e Maria Monforte) - regeneração e Romantismo ;
·         3ª GERAÇÃO: Carlos da Maia ( e Maria Eduarda) - Regeneração / Ultra- Romantismo e Realismo, a «Ideia Nova»;

 Tempo da diegese - Consiste no tempo durante o qual a acção se desenrola.

 Em termos cronológicos, a acção decorre entre 1820 e 1887, portanto, cerca de 67 anos. Ao longo da obra, percebe-se esta passagem do tempo, não só na indicação de dias, meses e anos, como também no crescimento e / ou envelhecimento das personagens

Tempo do discurso - consiste no modo como o narrador conta os acontecimentos, podendo elaborar o seu discurso segundo uma frequência, ordem e ritmos temporais diferentes. O tempo do discurso pode não ser igual ao da diegese.

N` Os Maias, o narrador não segue uma ordem cronológica no relato dos acontecimentos, estabelecendo e assim uma anisocronia na ordem temporal através do recurso a várias analepses - O narrador conta no presente acontecimentos já passados. Estes recuos da acção no tempo visam, sobretudo, caracterizar as personagens e o seu passado.
O Ritmo temporal, nos 50 anos que decorrem entre a juventude de Afonso da Maia e a instalação de Carlos no Ramalhete, é anisocrónico, pois o tempo do discurso é bastante menor do que o da diegese. O narrador sumaria, e até mesmo omite, os acontecimentos, relevando apenas o que considera importante para a compreensão e o desenrolar da história principal.

Tempo Psicológico - Trata-se de um tempo subjectivo, directamente relacionado com as emoções, a problemática existencial das personagens, ou seja, a forma como elas sentem a passagem do tempo, vivendo momentos felizes ou / e infelizes.

É fundamentalmente, através das relações pessoais de Carlos e de Ega com o passado que o espaço psicológico se faz sentir. Trata-se pois, dos momentos onde claramente transparece o desgaste psicológico das personagens, a sua amargura e inércia, o seu pessimismo que, em grande parte, advém do ambiente onde estão inseridos.


PERSONAGEM
Classificação quanto ao relevo
  •    Tanto na intriga principal como na crónica de costumes, Carlos da Maia é o protagonista.
  •   Ainda que Afonso da Maia, Ega e Maria Eduarda representem papéis de revelo na acção principal, são personagens secundárias.
  •  Dâmaso, Cohen, Conde de Gouvarinho, Sousa Neto, Steinbroken, Alencar, Eusébiozinho, Palma «Cavalão», Cruges entre outros, são figurantes da crónica de costumes, cujo objectivo e satirizar e criticar a sociedade lisboeta da segunda metade do século XIX.

Classificação quanto à composição
·         Afonso da Maia, Pedro, Maria da Fonte, Carlos, Maria Eduarda e Ega são personagens modeladas, pois são personagens dinâmicas, complexas, providas de densidade psicológica, cujo comportamento é passível de se modificar ao longo da acção.
·         À excepção das personagens atrás enumeradas, todas as outras são personagens planas, pois ao contrário das personagens modeladas, são estáticas, sem grande densidade psicológica e o seu comportamento não sofre modificações ao longo da acção, sendo este previsível.
NARRADOR
Classificação quanto à presença
N´Os Maias o narrador é heterodiegético - o narrador não participa na acção como personagem; é portanto, exterior à história - (note-se por exemplo, o uso da terceira pessoa gramatical e, neste caso, o recurso ao discurso indirecto livre.
Classificação quanto à ciência/ ou focalização

N`Os Maias a focalização é omnisciente - o narrador possui um conhecimento ilimitado da toda a história, bem como do intimo das personagens. Ele sabe tudo, assumindo uma posição de transcendência no relato dos acontecimentos.
É também, interna - o narrador relata os acontecimentos, assumindo o ponto de vista de uma personagem - (note-se que a partir do momento em que Afonso da Maia e seu neto se instalaram definitivamente no Ramalhete, o narrador assume o ponto de vista de Carlos, a sua visão sobre os ambientes e as personagens que os rodeiam .

Classificação quanto à posição
N`Os Maias a posição do narrador é fundamentalmente subjectiva, o que se compreende até pelo facto de ser basicamente a visão crítica e opinativa de uma personagem que prevalece. 

Printfriendly