04/11/2010

O TESOURO -Eça de Queirós

O TESOURO
Eça de Queirós

I

Os três irmãos de Medranhos, Rui, Guanes e Rostabal, eram então, em todo o Reino das Astúrias, os fidalgos mais famintos e os mais remendados.

Nos Paços de Medranhos, a que o vento da serra levara vidraça e telha, passavam eles as tardes desse Inverno, engelhados nos seus pelotes de camelão, batendo as solas rotas sobre as lajes da cozinha, diante da vasta lareira negra, onde desde muito não estalava lume, nem fervia a panela de ferro. Ao escurecer devoravam uma côdea de pão negro, esfregada com alho.

Depois, sem candeia, através do pátio, fendendo a neve, iam dormir á estrebaria, para aproveitar o calor das três éguas lazarentas que, esfaimadas como eles, roíam as traves da manjedoura. E a miséria tornara estes senhores mais bravios que lobos.

Ora, na Primavera, por uma silenciosa manhã de domingo, andando todos três na mata de Roquelanes a espiar pegadas de caça e a apanhar tortulhos entre os robles, enquanto as três éguas pastavam a relva nova de Abril – os irmãos de Medranhos encontraram, por trás de uma moita de espinheiros, numa cova de rocha, um velho cofre de ferio. Como se o resguardasse uma torre segura, conservava as suas três chaves nas suas três fechaduras. Sobre a tampa, mal decifrável através da ferrugem, corria um dístico em letras árabes. E dentro, até às bordas, estava cheio de dobrões de ouro!

No terror e esplendor da emoção, os três senhores ficaram mais lívidos do que círios. Depois, mergulhando furiosamente as mãos no ouro, estalaram a rir, num riso de tão larga rajada que as folhas tenras dos olmos, em roda, tremiam... E de novo recuaram, bruscamente se encararam, com os olhos a flamejar, numa desconfiança tão desabrida que Guanes e Rostabal apalpavam nos cintos as cabos das grandes facas. Então Rui, que era gordo e ruivo, e o mais avisado, ergueu os braços, como um árbitro, e começou por decidir que o tesouro, ou viesse de Deus ou do Demônio, pertencia aos três, e entre eles se repartiria, rigidamente, pesando-se o ouro em balanças. Mas como poderiam carregar para Medranhos, para os cimos da serra, aquele cofre tão cheio? Nem convinha que saíssem da mata com o seu bem, antes de cerrar a escuridão. Por isso ele entendia que o mano Guanes, como mais leve, devia trotar para a vila vizinha de Retortilho, levando já ouro na bolsilha, a comprar três alforjes de couro, três maquias de cevada, três empadões de carne e três botelhas de vinho. Vinho e carne eram para eles, que não comiam desde a véspera: a cevada era para as éguas. E assim refeitos, senhores e cavalgaduras, ensacariam o ouro nos alforjes e subiriam para Medranhos, sob a segurança da noite sem lua.

– Bem tramado! – gritou Rostabal, homem mais alto que um pinheiro, de longa guedelha, e com uma barba que lhe caía desde os olhos raiados de sangue até á fivela do cinturão.


1. O texto corresponde ao início do conto " O Tesouro" de Eça de Queiroz.

1.1. Explica como isso se torna evidente pela leitura do excerto.
1.2. Procura no texto a expressão que permite inserir o conto no tempo histórico da Reconquista Cristã.

2. Os dois primeiros parágrafos do texto são predominantemente descritivos.

2.1. Das opções que se seguem escolhe a(s) que lhe conferem essa particularidade.

a) O predomínio dos verbos de acção conjugados no pretérito perfeito.
b) O rápido avanço da acção.
c) A referencia a um tempo passado.
d) O predomínio dos verbos de estado flexionados no pretérito imperfeito e da adjectivação.

2.2. Coloca, pela respectiva ordem, os aspectos descritivos que concorrem para um espaço social miserável e decadente.

- degradação do espaço físico.
- A inércia e a inactividade das personagens.
- A extrema pobreza das personagens.

3.O inicio do texto contém uma descrição colectiva dos irmãos.

3.1. Procura no texto a descrição individual de Rui e transcreve-a.

3.2. Concluis então tratar-se de:

a) uma descrição física e psicológica.
b) uma descrição psicológica.
c) Uma descrição física.

4. A narração propriamente dita vai ter início no terceiro parágrafo do texto.

4.1. Aponta as coordenadas espaço-temporais que a envolvem.

4.2. Refere o acontecimento que vai originar uma alteração súbita na vida das personagens anteriormente descrita.

29/10/2010

Fábula - OS RATOS REUNIDOS EM CONSELHO

OS RATOS REUNIDOS EM CONSELHO

images (1)

Há muito tempo, os ratos reuniram em conselho para decidir a maneira de se verem livres do gato que andava permanentemente à caça deles. Porque o gato era muito esperto. Deslocava-se furtivamente, sem fazer barulho, e, quando atacava, era mais rápido e mortífero do que o relâmpago.

Vários ratos expuseram as suas ideias, e a reunião prolongou-se pela noite fora. Nenhum dos planos parecia resultar, até que um rato muito novo pediu a palavra.

- Proponho – disse ele – que se pendure um guizo ao pescoço do gato. E, assim, cada vez que ele se mexer, o guizo toca e avisa-nos do perigo. Ouvimos o som e temos tempo de fugir.

Os outros ratos acharam que era uma óptima ideia e foi uma chiadeira de entusiasmo e aplausos. Então, um velho rato, que tinha ficado calado durante todo o tempo, levantou-se e disse com gravidade.

- É uma excelente proposta, e tenho a certeza de que vai dar resultado. Mas pergunto uma coisa.

Calou-se.

- O que é? Faça a pergunta – chiaram os outros ratos.

- Quem – disse o velho rato – vai pendurar o guizo ao pescoço do gato?

Desta vez, nenhum dos ratos teve mais nada a dizer.

É mais fácil ter ideias que realizá-las.

Fábula de Esopo.

Versão de Ricardo Alberty

Responde às seguintes questões:

  1. Qual é o motivo desta reunião?

______________________________________________________________________

  1. Era fácil encontrar uma solução? Justifica com frases do texto.

_______________________________________________________________________

_______________________________________________________________________

  1. A sugestão do rato mais novo foi bem aceite? Justifica.

_______________________________________________________________________

_______________________________________________________________________

  1. Houve um rato que não participou na « … chiadeira de entusiasmo e aplausos».

Quem foi? E porquê?

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

  1. O rato mais velho fez uma pergunta a que ninguém respondeu.

No entanto, há um provérbio que pode aplicar-se muito bem a esta situação: « Não responder é resposta.»

Estás de acordo? Que resposta significou, então, o silêncio dos ratos?

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

  1. A moralidade: « É mais fácil ter ideias do que realizá-las

Entre os cinco provérbios seguintes , escolhe dois que resumam igualmente a mensagem desta fábula:

A bom entendedor meia palavra basta.

Palavras sem obras são tiros sem balas.

Apressada pergunta, vagarosa resposta.

Se queres ser bom juiz ouve o que cada um diz.

Do dito ao feito vai um grande eito.

O Fantasma

  1. Lê o texto com muita atenção.

O FANTASMA

O Mário aimageschava aquilo verdadeiramente esquisito. Acontecia todos os dias e à mesma hora. Sempre que ele regressava das aulas, punha o almoço em cima da mesa e ia lavar as mãos à casa de banho. Quando vinha para se sentar, o almoço tinha desaparecido. Parecia magia!

Ora, um dia, o Mário resolveu dar mais atenção ao caso. Como de costume, era meio-dia. Pôs o almoço em cima da mesa e, em vez de ir lavar as mãos à casa de banho, escondeu-se atrás da porta para ver o que se passava. Pela fisga, com cuidado, espreitou. Não se via lá muito bem, mas sempre era melhor que nada.

De repente, como um relâmpago, na mesa surgiu uma sombra branca com uns olhos muito brilhantes…Era assustador! Em segundos, aquela sombra misteriosa devorou o almoço do Mário. Depois desapareceu sem se saber como.

O Mário estava aterrado!... Mas ele, com medo que aquela coisa estranha o visse, não gritou nem nada.

À noite, quando os pais regressaram do trabalho, o Mário contou:

- Vi um fantasma!

- Um fantasma? – Perguntaram os pais com ar de brincadeira.

- Vi mesmo. Eu sei que vi. Foi ao meio-dia. Ele até comeu o almoço…

- Os fantasmas não existem, Mário – explicou o pai – Do que te havias de lembrar!

- O que as crianças hoje inventam para não comerem a sopa! – Dizia a mãe.

O Mário insistia mas os pais continuavam sem acreditar. Mas, ele tanto insistiu, tanto insistiu que, no dia seguinte, o pai resolveu vir almoçar a casa para ver se aquilo era verdade.

Armindo Reis, O Sol da nossa rua

  1. Responde, sempre de forma completa:

a) Que tipo de narrador encontras neste texto? Justifica a tua resposta.

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

b) Faz a localização espacial da acção do texto.

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

c) Quais são as personagens do texto?

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

d) Classifica as personagens quanto à sua importância na acção.

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

e) Por que razão é que o Mário andava preocupado?

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

f) O que resolveu fazer para descobrir o mistério?

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

g) Descreve o que o Mário viu.

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

h) Qual foi a reacção dos pais?

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

i) E tu, acreditas em fantasmas? Justifica a tua resposta.

____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

II

a) Descobre os sinónimos das palavras sublinhadas:

Ele teve cautela. _____________________________________

O pai resolveu vir almoçar. _____________________________

b) Descobre os antónimos das palavras sublinhadas:

De repente ele surgiu. _________________________________

O Mário insistiu. _____________________________________

c) Lê as frases e coloca as palavras sublinhadas no lugar certo

De repente, como um relâmpago, surgiu uma sombra branca com uns olhos brilhantes. Em segundos aquela sombra misteriosa devorou o seu almoço. O Mário contou tudo aos pais mas estes não acreditaram.

Nomes

Determinantes

Adjectivos

Pronomes



     

22/10/2010

Como fazer um bom Resumo

Características de um bom resumo:

 

006 ·         Brevidade – um bom resumo apenas contém as ideias principais. Os pormenores não são incluídos.

 

·         Rigor e clareza – um bom resumo exprime as ideias fundamentais do texto, de uma forma clara e que respeite o pensamento do autor.

 

·         Linguagem pessoal – num bom resumo não se copiam as frases do texto. Deve-se exprimir as ideias principais por palavras nossas.

 

Como se deve fazer um bom resumo?

 

            Para se fazer um bom resumo, podes seguir alguns passos simples:

 

1.     Lê o texto e tenta compreendê-lo bem. Identifica as ideias principais, parágrafo a parágrafo:

 

1.1.    Podes sublinhá-las, durante a leitura;

 

1.2.   Podes fazer um esquema, no fim da leitura, para organizar o texto e os parágrafos.

 

2.     Começa a escrever o teu resumo, respeitando sempre o conteúdo do texto e o pensamento do autor:

 

2.1.   Procura não incluir pormenores desnecessários;

 

2.2.   Substitui ideias repetidas ou semelhantes por uma que as englobe;

 

2.3.   Utiliza termos genéricos em vez de listas;

 

2.4.   Utiliza uma linguagem pessoal.

 

3.     Lê o teu resumo e avalia-o, corrigindo os aspectos que achares necessário:

 

3.1.   Contém as ideias principais?

3.2.   A ideia do autor está repetida?

3.3.   O texto percebe-se bem?

3.4.   Não há pormenores nem repetições?

 

 

Lê agora as regras que te são apresentadas para a realização de resumos e aplica-as a cada um dos pequenos textos que se seguem:

 

1ª regra: Não se devem incluir pormenores desnecessários.

 

No seu aniversário, o Tiago recebeu um presente especial. Vinha embrulhado com um papel dourado e trazia um grande laço verde. Estava dentro de uma grande caixa. Era o par de patins que ele tanto desejava.

 

___________________________________________________________________

 

___________________________________________________________________

 

      2ª regra: Não se devem repetir ideias

 

            O Tiago estava satisfeito. Não cabia em si de contente. Transbordava de alegria. Transpirava felicidade por ter recebido os patins que queria.

 

___________________________________________________________________

 

___________________________________________________________________

 

      3ª regra: As listas de objectos devem ser substituídas por termos genéricos.

 

            Em cima da mesa estavam muitas garrafas de coca-cola, de laranjada, de limonada, de ice-tea e de groselha. Havia também bolos de ananás, pudins, bolachas de chocolate, natas, e um bolo de aniversário.

 

___________________________________________________________________

 

___________________________________________________________________

 

      4ª regra: Uma série de acções idênticas deve ser descrita através de um único verbo que as englobe o mais possível.

 

            O balão começou a tremelicar, tentou subir, deu algumas voltas, subiu um pouco mais. Lentamente foi subindo mais ainda. Agitou-se no ar, sempre mais para o alto, até que, finalmente, desapareceu.

 

___________________________________________________________________

 

___________________________________________________________________

 

 

 

O que treinei com esta actividade?

 

_____________________/ ________________________/

Como estudar melhor …. Verbos introdutores

Às vezes, as dificuldades residem no desconhecimento do significado de alguns verbos utilizados nas instruções das tarefas. Vejamos o significado habitual dos mais frequentes:

 

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  •  Caracterizar    Destacar os elementos principais ou distintivos.

 

  •  Comparar   Apresentar semelhanças e diferenças.

  •  Criticar Dar opinião pessoal. Tomar posição, a favor ou contra.

  •  Definir Dar o significado exacto.

  •  Demonstrar   Apresentar provas.

  •  Delimitar   Dizer onde começa e onde acaba.

  •  Distinguir   Mostrar as diferenças

  •  Explicar   Desenvolver, para tornar compreensível.

  •  Identificar   Dizer o que é.

  •  Indicar   Designar uma coisa, uma pessoa ou uma ideia.

  •  Interpretar   Estabelecer o sentido

  •  Justificar   Dizer por que motivo.

  •  Reescrever   Escrever de novo.

  •  Relacionar   Estabelecer ligações.

  •  Transcrever   Copiar de um texto uma frase, uma expressão ou uma palavra.

Auto da Barca do Inferno - Cena do Fidalgo II

AUTO DA BARCA DO INFERNO - Cena do Fidalgo I

08/10/2010

Auto da Barca do Inferno - Cena do Fidalgo

Exercício de Língua Portuguesa

Nome __________________________ Nº ____ Ano ____ Turma ______ Data ________
Classificação _________________________________ Professor _____________________


TEXTO


Fidalgo      Esta barca onde vai ora,
                   que assi'stá apercebida?
Diabo        Vai para a ilha perdida
                   e há-de partir logo ess'ora.
Fidalgo      Para lá vai a senhora?
Diabo        Senhor, a vosso serviço.
Fidalgo      Parece-me isso cortiço...
Diabo        Porque a vedes lá de fora.
Fidalgo      Porém, a que terra passais?
Diabo        Para o inferno, senhor.
Fidalgo      Terra é bem sem-sabor.
Diabo        Quê? E também cá zombais?
Fidalgo      E passageiros achais
                   para tal habitação?
Diabo        Vejo-vos eu em feição
                   para ir ao nosso cais...
Fidalgo      Parece-te a ti assi...
Diabo        Em que esperas ter guarida?
Fidalgo      Que deixo na outra vida
                   quem reze sempre por mi.
Diabo        Quem reze sempre por ti!...
                   Hi! Hi! Hi! Hi! Hi! Hi! Hi!...
                   E tu viveste a teu prazer
                   cuidando cá guarecer
                   porque rezem lá por ti?!
                   Embarcai! Hou... Embarcai!,
                   que haveis de ir à derradeira...
                   Mandai meter a cadeira,
                   que assim passou vosso pai.
Fidalgo      Quê? Quê? E assim lhe vai?
Diabo        Vai ou vem, embarcai prestes.
                   Segundo lá escolhestes,
                   assim cá vos contentai.


Uma vez que conheces a cena e a obra a que pertence o texto transcrito, responde cuidadosamente às seguintes questões:
I

1- Considerando o percurso cénico da personagem, situa o fragmento transcrito na cena a que pertence.
____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

2- Ao entrar em cena, a personagem traz consigo elementos cénicos que permitem a sua identificação. Quais são esses elementos e o que simbolizam?
____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

3- A partir das expressões do texto a seguir transcritas, indica três características do Fidalgo:
            "Sou fidalgo de solar / é bem que me recolhais."
            "Mas esperai-me vós aqui: / tornarei à outra vida, / ver minha dama querida / que se quer matar por mi."_________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________

4- Que argumentos usa o Fidalgo para justificar a sua pretensão de entrar na Barca da Glória?
______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

5- Primeiro pelo Diabo e depois pelo Anjo, o Fidalgo é condenado ao Inferno. Indica os crimes que lhe são imputados.
__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

6- Justifica a seguinte afirmação: Ao apresentar esta personagem, Gil Vicente não queria criticar apenas este Fidalgo.
______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

05/10/2010

Texto Narrativo – o que é?

clip_image002 Narrar – É contar uma história, um facto, um acontecimento, quer dizer, fala do que acontece a uma ou várias personagens.

 

1- Estrutura da narrativa : Normalmente um texto narrativo organiza-se em três partes:

  1. Introdução - apresenta a situação inicial, localiza a acção ( onde e quando se passa a história), descreve as personagens – geralmente estas informações são dadas na introdução.
  1. desenvolvimento – conta a acção propriamente dita ( Por exemplo: quando acontece na história um problema que é preciso resolver – tudo o que se passa a seguir é já o desenvolvimento.
  1. Conclusão – apresenta o final da acção ( Por exemplo - quando se encontra a solução para um problema chega ao fim a história – é a conclusão.

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A um texto com estas características damos o nome de narrativa fechada.

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Quando não conhecemos a conclusão, dizemos que se trata de uma narrativa aberta.

2- Localização da acção:

clip_image001 No espaço – Onde?

 

clip_image001[1] No tempo – Quando?

3- Autor:

É a pessoa que imagina a narrativa.

Exemplo: «A rosa vai passando para as minhas mãos as bolas coloridas, longos fios prateados e dourados [...]».

 

4- Narrador:

É um ser imaginário, criado pelo autor a quem cabe contar a história. O narrador pode ser:

  • Participante ou presente (se participa na história como personagem)
  • Não participante ou ausente ( se se limita a contar a história, sem participar nela).

5- Personagens:

Pessoas que vivem os acontecimentos que são contados no texto.

Atenção! Por vezes as personagens podem ser animais ou coisas.

 As personagens podem ser:

 

  • Principais - (herói ou heroína da acção)
  • Secundárias - (têm um papel menor na história)

A Notícia - Ficha de trabalho

Fluviário único na Europa
  
   O FLUVIÁRIO de Mora, o primeiro de Portugal e na Europa, inaugura na próxima quarta-feira. Aquários e espaços envolventes recriam o percurso de um rio da nascente até à foz, ao longo do qual é possível observar diferentes espécies de peixe.

   Parte dessas espécies, como tainhas, pimpões, barbos e achigãs, são portuguesas; outras vieram directamente da América do Sul, como piranhas vermelhas, peixes-faca e pacu-negros, e do continente africano. Três ciclídeos- amarelo chegaram, por exemplo, do Lago Malawi. Todos os peixes encontraram neste "oceanário de rio" uma recriação do seu habitat natural.

   A estrutura, da Promontório Arquitectos, é candidata ao prémio de arquitectura da União Europeia  Mies van der Rohe 2007.

Sol, 17 Março 2007

1. Selecciona a opção correcta:

Pelo tipo de estrutura, linguagem e finalidade, este tipo de texto é....

a) um anúncio.
b) uma crónica
c) uma notícia
d) um artigo de opinião

2. Retira elementos do primeiro parágrafo para responderes às questões.

2.1. Quem? 
2.2. Onde?
2.3. O quê?
2.4. Quando?

2.1. Que nome se dá a este primeiro parágrafo?

3. Nos parágrafos seguintes, são dadas outras informações.

3.1. Indica-as.

3.2. Que espécies portuguesas estão ai representadas?

3.3. De que outros continentes vieram espécies que aí encontram  condições próprias do seu habitat?

4. Porque razão aparece a expressão " oceanário de rio" entre aspas?

5. Qual foi a entidade responsável pela montagem arquitectónica deste fluviário artificial?

6. Distingue fluviário de oceanário, utilizando as tuas próprias palavras. 

03/10/2010

Auto da Barca do Inferno II



Projecto educativo que visa facilitar a abordagem do texto vicentino

Auto da Barca do Inferno

18/09/2010

FERNANDO PESSOA – Heterónimos

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Não sei quem sou, que alma tenho.

Quando falo com sinceridade não sei com que sinceridade falo.

Sou variamente outro do que um eu que não sei se existe (se é esses outros).

(…)

Fernando Pessoa, Páginas de Autognose, 1915

ALBERTO CAEIRO
Mestre do ortónimo e dos heterónimos

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Vê a realidade de forma objectiva e natural.

Aceita a realidade tal como é, de forma tranquila; vê um mundo sem necessidade de explicações, sem princípio nem fim; existir é um facto maravilhoso.

Recusa o pensamento metafísico (“pensar é estar doente dos olhos”), o misticismo e o sentimentalismo social e individual.

Poeta da Natureza.

Personifica o sonho da reconciliação do Universo, com a harmonia pagã e primitiva da Natureza.

Simples “guardador de rebanhos”.

Inexistência de tempo (unificação do tempo).

Poeta sensacionista (sensações): especial importância do acto de ver.

Inocência e constante novidade das coisas.

Elimina a dor de pensar.

Linguagem e estilo:

Discurso em verso livre, em estilo coloquial e espontâneo.

Pouca subordinação e pronominalização.

Ausência de preocupações estilísticas.

Vocabulário simples e familiar, em frases predominantemente coordenadas, repetições de expressões longas, uso de paralelismo de construção, de simetrias, de comparações simples.

Número reduzido de vocábulos e de classes de palavras: pouca adjectivação.

Predomínio de substantivos concretos, uso de verbos no presente do indicativo ou no gerúndio.

Ricardo Reis

Faz dos gregos o modelo de sabedoria (visível na aceitação do destino).

Opõe a moral pagã à cristã, uma vez que considera a primeira uma moral de orientação e de disciplina, enquanto a segunda se impõe como a moral da renúncia e do desapego.

Segue as filosofias do epicurismo, do estoicismo e do carpe diem.

Considera que a sabedoria consiste em gozar a vida moderadamente e através do exercício da razão.

Recusa as grandes emoções e as paixões por considerá-las confinadoras da liberdade.

É um moralista.

Tem consciência da dor provocada pela natureza transitória/efémera do homem.

Receia a velhice e a morte.

Linguagem e estilo

É clássico ao nível do estilo.

Utiliza a ode e o versilibrismo.

Usa hipérbatos, latinismos, metáforas, comparações,

Prefere o presente, o gerúndio e o imperativo.

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Álvaro de Campos

Fases poéticas

1ª Fase: Decadentista

Traduz-se por sentimentos de tédio, enfado, náusea, cansaço, abatimento e necessidade de novas sensações.

É o reflexo da falta de um sentido para a vida e a necessidade de fuga à monotonia.

Um dos poemas mais exemplificativos desta fase é o poema Opiário.

2ª Fase: Futurista e sensacionista

Assenta numa poesia repleta de vitalidade, manifestando a predilecção pelo belo feroz que virá a contrariar a concepção aristotélica de belo.

Um dos poemas mais exemplificativos é Ode Triunfal

3ª Fase: Intimista

Incapacidade de realização, trazendo de volta o abatimento. O poeta vive rodeado pelo sono e pelo cansaço, revelando desilusão, revolta, inadaptação, devido à incapacidade das realizações.

Um dos poemas mais exemplificativos é Esta velha angústia.

Características

Predomínio da emoção espontânea e torrencial.

O elogio da civilização industrial, moderna, da velocidade e das máquinas, da energia e da força, do progresso.

Um poeta virado para o exterior, que tenta banir o vício de pensar e acolhe todas as sensações.

A ansiedade e a confusão emocional – angústia existencial.

O tédio, a náusea, o desencontro com os outros.

A presença terrível e labiríntica do “eu” de que o poeta se tenta libertar.

A fragmentação do “eu”, a perda de identidade.

O sentido do absurdo.

A excitação da procura, da busca incessante.

Linguagem e estilo

Verso livre e longo.

Exclamações, interjeições, enumerações caóticas, anáforas, aliterações, onomatopeias.

Desordem de ritmos, violência de metáforas – desespero por não poder meter as sensações nas palavras.

Fernando Pessoa é o poeta dos heterónimos; o poeta que se desmultiplica ou despersonaliza na figura de inúmeros heterónimos e semi-heterónimos, dando forma por esta via à amplitude e à complexidade dos seus pensamentos, conhecimentos e percepções da vida e do mundo; ao dar vida às múltiplas vozes que comporta dentro de si, o poeta pode percepcionar e expressar as diferentes formas do universo, das coisas e do homem. (…)

In Universidade Fernando Pessoa

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Fernando Pessoa é o poeta dos heterónimos e

(…) Sinto-me múltiplo. Sou como um quarto com inúmeros espelhos fantásticos que torcem para reflexões falsas uma única anterior realidade que não está em nenhuma e está em todas.
Como o panteísta se sente árvore (?) e até flor, eu sinto-me vários seres. (…)

e do mundo; ao da…espelhos fantásticos qu

Fernando Pessoa, Páginas de Autognose, 1915

• e torcem

A busca incessante do “eu” foi, igualmente, uma das características de outro grande poeta da geração de Orpheu

Comente o seguinte poema de Mário de Sá-Carneiro, musicado por Adriana Calcanhoto

Eu não sou eu nem sou o outro,
Sou qualquer coisa de intermédio:
   Pilar da ponte de tédio
   Que vai de mim para o Outro
.

O Outro,

O 1914

O Outro Mário de Sá-Carneiro, 1914

• O Outro, Mário, 1914O Outro, Mário de, 1914

Neste brevíssimo poema, musicado por Adriana Neste brevíssimo poema, musicado por Adriana o poeta conseguiu condensar a sua angústia: "de ser nem um nem outro, mas algo que fica entre os dois",

    Composto por uma única quadra caracterizada por irregularidade métrica, esta quadra representa um reflexo do estado psíquico do poeta, a sua insatisfação ("pilar da ponte de tédio") por não conseguir” real ("sou qualquer coisa de intermédio ") encontramos um eu representa um reflexo do estado psíquico do poeta, a sua insatisfação ("pilar da ponte de tédio") por não conseguir estabelecer o seu “eu” real ("sou qualquer coisa de intermédio ") ultrapassar.

Ficha de Verificação de Leitura da obra: SERMÃO DE SANTO ANTÓNIO AOS PEIXES do Padre António Vieira

1. O Sermão de Santo António aos Peixes foi pregado pelo            ________________________________, no ______________, a ______________________de ____________.

 

2. O Sermão começa por um __________________________  escrito em ___________.

 

3. Vieira dirige-se aos _______________________________, o sal são____________________ e a terra ___________________.

 

4. A palavra de Deus não está a fazer fruto. Os culpados tanto podem ser os _________________ como os ___________________.

 

5. Se o mal está do lado dos pregadores; Cristo apresenta a solução: ____________________________

________________________________________.

 

6. Se o mal está do lado dos ouvintes, o melhor é fazer como _____________________ e começar a pregar aos ________________.

 

7. O Pregador termina a primeira parte do Sermão, a que é dado o nome de ________________, invocando _______________________.

 

8. A partir do capítulo II, todo o texto é uma alegoria porque __________________________________

_______________________________________.

 

9. Os peixes, como ouvintes, apresentam duas qualidades: ______________ e _____________, no entanto, ______________________, o que entristece um pouco o Pregador.

 

10. Se tal como os homens também há peixes ______________ e peixes _____________, há que ___________ e ______________.

 

11. De entre todos os animais, os peixes são aqueles que não se _____________ nem ______________.

 

12. Os animais que vivem junto do homem estão _______________ e tornam-se __________________.

 

13. Santo António também deixou Lisboa e foi para ____________ e dali para ______________.

 

14. O primeiro peixe a ser louvado é ______________________ pois o seu ___________ era bom para ___________________________ e o coração ______________________________________. Este é comparado com _______________________ porque ___________________________________.

 

15. O segundo peixe é a _____________ que tem como virtude _______________________________.

 

16. O poder deste é comparado à _______________ de Santo António.

 

17. O terceiro peixe é o ______________ que possui _____________________ que faz ____________ o pescador.

 

18. Vieira desejava que existissem na terra para _____________________________________________

______________________________.

 

19. O último peixe a ser louvado é o ____________________ porque, na realidade, _________________ uns virados para __________ e outros para __________. Assim, pode estar atento aos perigos que vêm do __________ e do ___________.

 

 

20. Vieira lamenta tanta abundância daquele instrumento nos peixes e tanta ________________ nos homens.

 

21. Este peixe ensinou ao Pregador que só devemos olhar __________________ e _______________ porque se olharmos para os lados só vemos ___________________.

 

22. No capítulo IV vai falar das repreensões. A primeira grande repreensão que lhes tem a fazer é o facto de ________________________________________, sobretudo __________________________, a isso chama-se __________________.

 

23. Infelizmente, não são só os ____________ que se ____________, os _____________ também o fazem e de uma maneira cruel.

 

24. Outra repreensão geral é a _______________ e _______________ que os conduz por vezes à morte.

 

25. Estas também existem ___________________.

 

26. Há quem se endivide uma vida inteira por _____________________________________.

 

27. Descendo ao particular, o primeiro peixe é o _______________ cuja ________________ contrasta com _______________________________.

 

28. Também na terra há muitos assim, e dá o exemplo de _____________ e ____________.

 

29. São dois os motivos pelos quais os homens se tornam Roncadores, o __________ e o __________. Como exemplo, do primeiro temos ___________ e do segundo ___________. Só Santo António possuía o __________ e o ___________ e com o seu silêncio disse tudo.

 

30. Os Pegadores são uns autênticos _______________ pois vivem à custa dos outros.

 

31. Esse mal também se encontra nos homens pois os grandes _______________ que vão de _____________ para o ____________ levam sempre __________________ consigo.

 

32. É preciso ter muito cuidado pois quando morre _________________, morrem com ele _____________________________________.

 

33. O penúltimo peixe é o Voador, criticado pela sua ______________ que advém do facto de _____________. Assim, fica sujeito aos perigos do _____________ e do ___________.

 

34. O último a ser alvo de uma profunda crítica é o ____________, considerado __________________ porque _________________________________.

 

35. Este é comparado a ___________ mas a sua maldade é maior porque ___________ e ___________ ao mesmo tempo.

 

36. O lado oposto deste «peixe aleivoso» é ____________________ pela sua ____________________.

 

37. Vieira faz uma advertência final para que _____________________________________________.

 

38. Comparados com os homens, os peixes são __________________________.

 

39. O próprio Pregador sente-se ______________ porque ____________________________________.

 

40. Termina o Sermão, pedindo aos peixes para  _________________ a Deus.  

 

 

 

 

 

 

 

 

 

CORRECÇÃO DA FICHA DE VERIFICAÇÃO DE LEITURA DA OBRA:

SERMÃO DE STO. ANTÓNIO AOS PEIXES

 

1. O Sermão de Santo António aos Peixes foi pregado pelo Padre António Vieira, no Maranhão, a 13 de Junho  de 1654.

 

2. O Sermão começa por um  Conceito Predicável  escrito em Latim.

 

3. Vieira dirige-se aos moradores do Maranhão, o sal são os pregadores e a terra ouvintes.

 

4. A palavra de Deus não está a fazer fruto. Os culpados tanto podem ser os Pregadores como os ouvintes .

 

5. Se o mal está do lado dos pregadores; Cristo apresenta a solução: «lançá-lo fora como inútil, para que seja pisado de todos» .

 

6. Se o mal está do lado dos ouvintes, o melhor é fazer como Santo António e começar a pregar aos peixes.

 

7. O Pregador termina a primeira parte do Sermão, a que é dado o nome de Exórdio, invocando Nossa Senhora.

 

8. A partir do capítulo II, todo o texto é uma alegoria porque Vieira dirige-se aos peixes querendo atingir os homens.

 

9. Os peixes, como ouvintes, apresentam duas qualidades: ouvem e não falam, no entanto, não se convertem, o que entristece um pouco o Pregador.

 

10. Se tal como os homens também há peixes bons e peixes maus, há que louvar e repreender.

 

11. De entre todos os animais, os peixes são aqueles que não se domam nem domesticam.

 

12. Os animais que vivem junto do homem estão aprisionados e tornam-se parecidos com eles.

 

13. Santo António também deixou Lisboa e foi para Coimbra e dali para um ermo.

 

14. O primeiro peixe a ser louvado é o peixe de Tobias pois o seu fel era bom para sarar a cegueira e o coração para afastar os maus espíritos. Este é comparado com Santo António porque cura a cegueira dos homens.

 

15. O segundo peixe é a Rémora que tem como virtude a força para parar um navio.

 

16. O poder deste é comparado à boca de Santo António.

 

17. O terceiro peixe é o Torpedo que possui um aparelho que faz tremer o pescador.

 

18. Vieira desejava que existissem na terra para fazer tremer aqueles que pescam tudo.

 

19. O último peixe a ser louvado é o Quatro-Olhos porque, na realidade, quatro olhos uns virados para cima e outros para baixo. Assim, pode estar atento aos perigos que vêm do céu e do mar.

 

20. Vieira lamenta tanta abundância daquele instrumento nos peixes e tanta carência nos homens.

 

21. Este peixe ensinou ao Pregador que só devemos olhar para o céu e para o inferno porque se olharmos para os lados só vemos vaidades.

 

22. No capítulo IV vai falar das repreensões. A primeira grande repreensão que lhes tem a fazer é o facto de se comerem uns aos outros, sobretudo os maiores comerem os mais pequenos, a isso chama-se ictiofagia.

 

23. Infelizmente, não são só os peixes que se comem, os homens também o fazem e de uma maneira cruel.

 

24. Outra repreensão geral é a cegueira e a ignorância que os conduz por vezes à morte.

 

25. Estas também existem nos homens.

 

26. Há quem se endivide uma vida inteira por um simples pedaço de pano.

 

27. Descendo ao particular, o primeiro peixe é o Roncador cuja potente voz contrasta com o seu pequeno tamanho.

 

28. Também na terra há muitos assim, e dá o exemplo de Pedro e Golias.

 

29. São dois os motivos pelos quais os homens se tornam Roncadores, o saber e o poder. Como exemplo, do primeiro temos Caifás e do segundo Pilatos. Só Santo António possuía o poder e o saber e com o seu silêncio disse tudo.

 

30. Os Pegadores são uns autênticos parasitas pois vivem à custa dos outros.

 

31. Esse mal também se encontra nos homens pois os grandes governantes que vão de Portugal para o Brasil levam sempre os Pegadores consigo.

 

32. É preciso ter muito cuidado pois quando morre o Pegador, morrem com ele os que lhe estavam pegados.

 

33. O penúltimo peixe é o Voador, criticado pela sua vaidade que advém do facto de possuir umas barbatanas grandes. Assim, fica sujeito aos perigos do mar e do céu.

 

34. O último a ser alvo de uma profunda crítica é o Polvo, considerado o maior traidor porque se disfarça e ataca os outros.

 

35. Este é comparado a Judas mas a sua maldade é maior porque aperta e prende ao mesmo tempo.

 

36. O lado oposto deste «peixe aleivoso» é Santo António pela sua candura e pureza.

 

37. Vieira faz uma advertência final para que não se apeguem a bens alheios.

 

38. Comparados com os homens, os peixes são piores que estes.

 

39. O próprio Pregador sente-se inferior porque fala, vê, …. E com isso ofende Deus.

 

40. Termina o Sermão, pedindo aos peixes para louvarem a Deus.  

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