16/03/2010

OS MAIAS de Eça de Queirós


ACÇÃO

Acção Principal
·         Relação amorosa incestuosa entre Carlos da maia e Maria Eduarda.
(Acção Fechada - morte de Afonso da Maia e separação definitiva de Carlos e Maria Eduarda).

Acção Secundária

·         A relação amorosa infeliz entre Pedro da Maia e Maria da Monforte.
(Acção fechada - fuga de Maria Monforte com Tancredo, que leva a filha e deixa Carlos; e consequente suicídio de Pedro da Maia).

Construção da Narrativa

·         Encadeamento - por exemplo, o desenrolar dos amores entre Carlos e Maria Eduarda.
·         Encaixe - por exemplo, a narração a Carlos da vida passada de Maria Eduarda pela própria.
·         Alternância - por exemplo, a acção principal é interrompida para dar lugar à narração da crónica de costumes.
ESPAÇO
a)      Espaço físico
·         Espaço geográfico - por exemplo, Santa Olávia, Coimbra e Lisboa (espaços associados à personagem de Carlos em diferentes momentos da sua vida); Sintra e os Olivais; referencias ao estrangeiro (Inglaterra, Itália, França, Áustria)…
·         Espaço interior - por exemplo, o Ramalhete, o consultório de Carlos, os teatros de S. Carlos e da Trindade, a Vila Balzac, o Grémio, o Hotel Central, o Tavares, a Havaneza, a casa do Gouvarinho e o primeiro andar da casa de Maria Eduarda habita (em Lisboa); o Nunes e o Hotel Bragança (em Sintra); a toca (propriedade de Craft n`Olivais, associada aos amores de Carlos e de Maria Eduarda.
·         Espaço exterior - por exemplo, o quintal / jardim do Ramalhete e o da Toca; a Rua de São Francisco; a Baixa, o Aterro, o Chiado, o Hipódromo no Campo Grande (em Lisboa); o Palácio da Vila, o Palácio da Pena, O Palácio de Seteais (em Sintra) …

b)      Espaço social
O espaço social está directamente associado ao subtítulo da Obra - «Episódios da Vida Romântica»- que, ao nível da crónica de costumes, constitui uma acção aberta. Os episódios, através de um processo narrativo de alternância, integram-se no desenrolar da intriga principal sem que haja, no entanto, qualquer relação de dependência entre ambos; visando não só retratar, como também criticar uma época (o Portugal da Regeneração) e o ambiente social vividos pela burguesia e alta aristocracia Lisboeta:
·         o jantar no Hotel Central ( capítulo VI)- apresenta uma visão critica relativamente aos exageros do Ultra-Romantismo, ao confronto literário eversivo, à incompetência do director do Banco Nacional e às limitações da mentalidade da alta sociedade lisboeta.
·         as Corridas de cavalos (capítulo X)- apresenta uma visão critica relativamente à mentalidade provinciana da elite da sociedade lisboeta que, na sua ânsia de imitar o estrangeiro, acaba as corridas num « sopro grosseiro de desordem reles».
·         o jantar em casa dos Gouvarinho (capitulo XII)- apresenta uma visão critica relativamente à mediocridade, ignorância e superficialidade da elite social lisboeta, em geral, e à incapacidade da classe política dirigente.
·         o incidente relacionado com a Corneta do Diabo e A tarde ( capítulo XV)- apresenta uma critica relativamente à degradação moral, à corrupção, à aceitação de subornos e ao jornalismo político.
·         o sarau literário do Teatro da Trindade (capítulo XVI)- apresenta uma critica à poesia ultra-romântica, à eloquência vazia e bajuladora da oratória politica, a comportamentos sociais afectados.
·         o passeio final de Carlos e de Ega em Lisboa (capítulo XVIII) - apresenta uma critica à estagnação e incapacidade de desenvolvimento da mentalidade portuguesa, que em dez anos não progrediu significativamente.

c)       Espaço psicológico
À medida que o desenlace da intriga se aproxima, o espaço psicológico assume maior relevância, sobretudo nas personagens de Ega e Carlos.
Exemplos:
·         o sonho (capítulo VI) - Carlos sonha com Maria Eduarda a passar em frente ao Hotel Centra «com uma carnação ebúrnea, bela como uma deusa, num casaco de veludo branco de Génova.»;
·         a imaginação (capítulo VIII) - Carlos, que se deslocara a Sintra na ânsia de ver Maria Eduarda, ao tomar conhecimento que esta já regressara a Lisboa, imagina-a «nas rendas do seu peignoir, com cabelo enrolado à pressa..»;
·         a reflexão (capítulo XVI) - após ter sabido por Guimarães a verdadeira identidade de Maria Eduarda, Ega revela uma profunda inquietação relativamente à descoberta de que ela e Carlos são irmãos, meditando sobre este assunto;
·         a memória (capítulo XVII)- quando Carlos se depara com Afonso da Maia inerte, no jardim do Ramalhete, »imagens do avô, do avô vivo e forte, cachimbando ao canto do fogão, regando de manhã as roseiras, passavam-lhe pela alma, em tropel, deixando-lha cada vez mais dorida e negra…».


TEMPO

Tempo histórico - Consiste na época ou Período da História em que se desenrolam as sequencias narrativas.

Uma vez que Os Maias narram a história de uma família ao longo de três gerações, estas correspondem a momentos histórico -  políticos e culturais diferentes:

·         1ª GERAÇÃO: Afonso da Maia (e Maria Eduarda Runa) - Revoltas Liberais / início do Romantismo;
·           GERAÇÃO: Pedro da Maia ( e Maria Monforte) - regeneração e Romantismo ;
·         3ª GERAÇÃO: Carlos da Maia ( e Maria Eduarda) - Regeneração / Ultra- Romantismo e Realismo, a «Ideia Nova»;

 Tempo da diegese - Consiste no tempo durante o qual a acção se desenrola.

 Em termos cronológicos, a acção decorre entre 1820 e 1887, portanto, cerca de 67 anos. Ao longo da obra, percebe-se esta passagem do tempo, não só na indicação de dias, meses e anos, como também no crescimento e / ou envelhecimento das personagens

Tempo do discurso - consiste no modo como o narrador conta os acontecimentos, podendo elaborar o seu discurso segundo uma frequência, ordem e ritmos temporais diferentes. O tempo do discurso pode não ser igual ao da diegese.

N` Os Maias, o narrador não segue uma ordem cronológica no relato dos acontecimentos, estabelecendo e assim uma anisocronia na ordem temporal através do recurso a várias analepses - O narrador conta no presente acontecimentos já passados. Estes recuos da acção no tempo visam, sobretudo, caracterizar as personagens e o seu passado.
O Ritmo temporal, nos 50 anos que decorrem entre a juventude de Afonso da Maia e a instalação de Carlos no Ramalhete, é anisocrónico, pois o tempo do discurso é bastante menor do que o da diegese. O narrador sumaria, e até mesmo omite, os acontecimentos, relevando apenas o que considera importante para a compreensão e o desenrolar da história principal.

Tempo Psicológico - Trata-se de um tempo subjectivo, directamente relacionado com as emoções, a problemática existencial das personagens, ou seja, a forma como elas sentem a passagem do tempo, vivendo momentos felizes ou / e infelizes.

É fundamentalmente, através das relações pessoais de Carlos e de Ega com o passado que o espaço psicológico se faz sentir. Trata-se pois, dos momentos onde claramente transparece o desgaste psicológico das personagens, a sua amargura e inércia, o seu pessimismo que, em grande parte, advém do ambiente onde estão inseridos.


PERSONAGEM
Classificação quanto ao relevo
  •    Tanto na intriga principal como na crónica de costumes, Carlos da Maia é o protagonista.
  •   Ainda que Afonso da Maia, Ega e Maria Eduarda representem papéis de revelo na acção principal, são personagens secundárias.
  •  Dâmaso, Cohen, Conde de Gouvarinho, Sousa Neto, Steinbroken, Alencar, Eusébiozinho, Palma «Cavalão», Cruges entre outros, são figurantes da crónica de costumes, cujo objectivo e satirizar e criticar a sociedade lisboeta da segunda metade do século XIX.

Classificação quanto à composição
·         Afonso da Maia, Pedro, Maria da Fonte, Carlos, Maria Eduarda e Ega são personagens modeladas, pois são personagens dinâmicas, complexas, providas de densidade psicológica, cujo comportamento é passível de se modificar ao longo da acção.
·         À excepção das personagens atrás enumeradas, todas as outras são personagens planas, pois ao contrário das personagens modeladas, são estáticas, sem grande densidade psicológica e o seu comportamento não sofre modificações ao longo da acção, sendo este previsível.
NARRADOR
Classificação quanto à presença
N´Os Maias o narrador é heterodiegético - o narrador não participa na acção como personagem; é portanto, exterior à história - (note-se por exemplo, o uso da terceira pessoa gramatical e, neste caso, o recurso ao discurso indirecto livre.
Classificação quanto à ciência/ ou focalização

N`Os Maias a focalização é omnisciente - o narrador possui um conhecimento ilimitado da toda a história, bem como do intimo das personagens. Ele sabe tudo, assumindo uma posição de transcendência no relato dos acontecimentos.
É também, interna - o narrador relata os acontecimentos, assumindo o ponto de vista de uma personagem - (note-se que a partir do momento em que Afonso da Maia e seu neto se instalaram definitivamente no Ramalhete, o narrador assume o ponto de vista de Carlos, a sua visão sobre os ambientes e as personagens que os rodeiam .

Classificação quanto à posição
N`Os Maias a posição do narrador é fundamentalmente subjectiva, o que se compreende até pelo facto de ser basicamente a visão crítica e opinativa de uma personagem que prevalece. 

2 comentários:

  1. Olá
    Precissava q me mandassem a resoluçao de um texte!
    Eça de Qeirós "Os Maias" conde de gouveirinho!

    PARA:mai@live.com.pt

    obrigada!:)

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  2. Obrigado por estas informações! Estão fantásticas e ajudaram-me muito na resolução de apontamentos sobre esta obra! Continuem :)

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