Retrospectiva histórica:
Na Grécia ensinavam-se 3 técnicas / artes da linguística:
Ø Oratória: arte do discurso perante um público (para além de planeado, o discurso deverá ser bem emitido);
Ø Retórica: técnica / arte de convencer o interlocutor através da Oratória (o discurso é principalmente verbal, mas também pode ser escrito ou visual). A Retórica não visa distinguir o que é verdadeiro ou certo, mas fazer com que o receptor da mensagem chegue sozinho à conclusão de que a ideia implícita no discurso representa o verdadeiro ou o certo;
Ø Dialéctica: explicação da realidade que se baseia em oposições e em choques entre situações diversas ou opostas. Os elementos do esquema básico do método dialéctico são: a tese (afirmação ou situação inicialmente dada), a antítese (oposição à tese) e a síntese (o resultado do conflito anterior).
A Retórica antiga defendia os seguintes objectivos programáticos da eloquência (ainda hoje presentes nos textos argumentativos actuais):
- docere – componente instrutiva, de natureza intelectual e racional;
- delectare – componente estética (deleitar o destinatário com a beleza do discurso);
- movere – componente emotiva, capaz de despertar emoções no destinatário que o levavam a aderir às teses defendidas e a agir em conformidade.
A Retórica antiga distinguia cinco fases na Produção de um texto argumentativo:
1. Invenção (inventio) – investigar e recolher os materiais a utilizar;
2. Disposição (dispositio) – disposição dos materiais na ordem a utilizar no discurso;
3. Elocução (elocutio) – redacção do texto (selecção de palavras, figuras, tipos de frase, etc.);
4. Memória (memoria) – memorização do discurso;
5. Acção / Pronunciação (actio / pronunciatio) – trabalho a nível da voz (boa dicção, domínio da respiração e modulações de voz adequadas às diferentes passagens) e do gesto (postura física expressiva e digna e atenção à expressão facial e das mãos).
Argumentar – acto de convencer, persuadir ou influenciar o leitor / ouvinte, mediante a apresentação de factos e argumentos, organizados através de um raciocínio coerente e consistente, que provem que o emissor é detentor da razão / verdade.
Texto Argumentativo – texto que defende uma tese, com o objectivo de convencer o destinatário da validade ou fundamento da posição defendida, persuadindo-o a adoptá-la como sua.
Textos que integram sequências argumentativas:
Ensaios, editoriais, panfletos, protestos, etc.
Para atingir o seu objectivo (transformar convicções, interferir nas crenças do destinatário), o texto argumentativo deve:
Ø Demonstrar – ser claro e lógico na defesa de uma tese;
Ø Interagir com o mundo do destinatário (a nível dos valores e afectos);
Ø Seduzir o destinatário (beleza formal do discurso).
ESTRUTURA do Discurso Argumentativo:
- Exposição ou Exórdio: contém a introdução do discurso. Divide-se em duas partes:
Ø Proposição – enunciado do tema ou assunto;
Ø Divisão – enumeração das partes que totalizam o discurso.
- Corpo da Argumentação – desenvolvimento do tema apresentado. Divide-se em:
Ø Narração – exposição dos factos favoráveis à causa apresentada na Proposição;
Ø Confirmação e Refutação – partes propriamente argumentativas do discurso, em que se apresenta a prova e se refutam os argumentos contrários.
- Peroração – fecho dos discurso. Divide-se em:
Ø Recapitulação – resumo breve dos melhores argumentos;
Ø Amplificação – apelo às paixões e emoções de forma a comover e a ganhar o auditório.
Principais características do Discurso Argumentativo:
Ø Ser claro;
Ø Ser curto;
Ø Ser bem encadeado / utilizar conectores adequados;
Ø Ser homogéneo;
Ø Ter um conjunto de bons argumentos;
Ø Repetir argumentos - chave.
CONCEITOS E INSTRUMENTOS
Tema: assunto debatido, definido por uma noção (ex.: A liberdade); ou por uma questão (ex.: O que é a liberdade).
Tese: opinião defendida acerca do tema e que se opõe a outras teses possíveis (ex.: A liberdade de se fazer o que se quer vs A liberdade deve parar onde começa a dos outros).
Argumento: prova usada para defender uma tese (no caso do contra-argumento, tenta-se invalidar a tese).
Exemplo: caso concreto que ilustra o argumento.
(NOTA: Uma tese é demonstrada de forma abstracta pelo argumento e demonstrada de forma concreta pelo exemplo).
TIPOS DE RACIOCÍNIO
Ø Raciocínio Dedutivo – cada argumento decorre dos anteriores (vai-se do geral para o particular);
Ø R. Indutivo – parte de exemplos particulares para chegar a uma lei geral;
Ø R. Concessivo – concede uma parte da verdade à tese contrária, para defender, de seguida e com mais força, a sua tese;
(NOTA: A concessão apoia-se em conectores: “certamente”, “sem dúvida”, “se é verdade que”, “embora”… e encerra com um conector de oposição: “mas”, “no entanto”, “contudo”).
Ø R. por Analogia – aproxima-se o tema tratado de uma realidade simples e indiscutível.
TIPOS DE ARGUMENTO
Ø Naturais ou de Autoridade: incluem os textos das leis e as opiniões emitidas por pessoas de prestígio e entendidas na matéria;
Ø Verdades ou Princípios Universais: aceitação generalizada de um facto ou opinião;
Ø Experiência pessoal;
Ø Semelhança: apresentação de uma situação semelhante àquela que se está a apresentar.
MODALIZADORES
1) Estratégias de Modalização – conjunto de processos com os quais o enunciador
matiza, atenua ou afirma a sua posição:
Ø Aparentar objectividade – uso de termos precisos ou técnicos para imprimir confiança e ser credível;
Ø Divertir – o discurso deve divertir, recorrendo à ironia, à sátira ou à paródia, para ridicularizar os adversários;
Ø Comover – espaço para a expressão dos sentimentos, regressando, porém, a um discurso de tipo objectivo e neutro.
2) Ironia – permite fazer compreender uma coisa diferente do que é dito, com o objectivo de ridicularizar a tese contrária.
O Orador pode usar várias Figuras de Retórica como técnica de persuasão:
Ø Interrogação retórica;
Ø Paralelismo;
Ø Hipérbole;
Ø Metáfora;
Ø Comparação.