18/09/2010

DISCURSO ARGUMENTATIVO

Retrospectiva histórica:

 

Na Grécia ensinavam-se 3 técnicas / artes da linguística:

Ø  Oratória: arte do discurso perante um público (para além de planeado, o discurso deverá ser bem emitido);

Ø  Retórica: técnica / arte de convencer o interlocutor através da Oratória (o discurso é principalmente verbal, mas também pode ser escrito ou visual). A Retórica não visa distinguir o que é verdadeiro ou certo, mas fazer com que o receptor da mensagem chegue sozinho à conclusão de que a ideia implícita no discurso representa o verdadeiro ou o certo;

Ø  Dialéctica: explicação da realidade que se baseia em oposições e em choques entre situações diversas ou opostas. Os elementos do esquema básico do método dialéctico são: a tese (afirmação ou situação inicialmente dada), a antítese (oposição à tese) e a síntese (o resultado do conflito anterior).

 

 

A Retórica antiga defendia os seguintes objectivos programáticos da eloquência (ainda hoje presentes nos textos argumentativos actuais):

  1. docere – componente instrutiva, de natureza intelectual e racional;
  2. delectare – componente estética (deleitar o destinatário com a beleza do discurso);
  3. movere – componente emotiva, capaz de despertar emoções no destinatário que o levavam a aderir às teses defendidas e a agir em conformidade.

 

 

A Retórica antiga distinguia cinco fases na Produção de um texto argumentativo:

1. Invenção (inventio) – investigar e recolher os materiais a utilizar;

2. Disposição (dispositio) – disposição dos materiais na ordem a utilizar no discurso;

3. Elocução (elocutio) – redacção do texto (selecção de palavras, figuras, tipos de frase, etc.);

4. Memória (memoria) – memorização do discurso;

5. Acção / Pronunciação (actio / pronunciatio) – trabalho a nível da voz (boa dicção, domínio da respiração e modulações de voz adequadas às diferentes passagens) e do gesto (postura física expressiva e digna e atenção à expressão facial e das mãos).

 

 

Argumentar – acto de convencer, persuadir ou influenciar o leitor / ouvinte, mediante a apresentação de factos e argumentos, organizados através de um raciocínio coerente e consistente, que provem que o emissor é detentor da razão / verdade.

 

Texto Argumentativo – texto que defende uma tese, com o objectivo de convencer o destinatário da validade ou fundamento da posição defendida, persuadindo-o a adoptá-la como sua.

 

Textos que integram sequências argumentativas:

Ensaios, editoriais, panfletos, protestos, etc.

 

Para atingir o seu objectivo (transformar convicções, interferir nas crenças do destinatário), o texto argumentativo deve:

Ø  Demonstrar – ser claro e lógico na defesa de uma tese;

Ø  Interagir com o mundo do destinatário (a nível dos valores e afectos);

Ø  Seduzir o destinatário (beleza formal do discurso).

 

 

ESTRUTURA do Discurso Argumentativo:

  1. Exposição ou Exórdio: contém a introdução do discurso. Divide-se em duas partes:

Ø  Proposição – enunciado do tema ou assunto;

Ø  Divisão – enumeração das partes que totalizam o discurso.

 

  1. Corpo da Argumentação – desenvolvimento do tema apresentado. Divide-se em:

Ø  Narração – exposição dos factos favoráveis à causa apresentada na Proposição;

Ø  Confirmação e Refutação – partes propriamente argumentativas do discurso, em que se apresenta a prova e se refutam os argumentos contrários.

 

  1. Peroração – fecho dos discurso. Divide-se em:

Ø  Recapitulação – resumo breve dos melhores argumentos;

Ø  Amplificação – apelo às paixões e emoções de forma a comover e a ganhar o auditório.

 

Principais características do Discurso Argumentativo:

Ø  Ser claro;

Ø  Ser curto;

Ø  Ser bem encadeado / utilizar conectores adequados;

Ø  Ser homogéneo;

Ø  Ter um conjunto de bons argumentos;

Ø  Repetir argumentos - chave.

 

 

CONCEITOS E INSTRUMENTOS

 

Tema: assunto debatido, definido por uma noção (ex.: A liberdade); ou por uma questão (ex.: O que é a liberdade).

 

Tese:  opinião defendida acerca do tema e que se opõe a outras teses possíveis (ex.: A liberdade de se fazer o que se quer vs A liberdade deve parar onde começa a dos outros).

 

Argumento: prova usada para defender uma tese (no caso do contra-argumento, tenta-se invalidar a tese).

 

Exemplo: caso concreto que ilustra o argumento.

 

 

(NOTA: Uma tese é demonstrada de forma abstracta pelo argumento e demonstrada de forma concreta pelo exemplo).

 

 

TIPOS DE RACIOCÍNIO

Ø  Raciocínio Dedutivo – cada argumento decorre dos anteriores (vai-se do geral para o particular);

Ø  R. Indutivo – parte de exemplos particulares para chegar a uma lei geral;

Ø  R. Concessivo – concede uma parte da verdade à tese contrária, para defender, de seguida e com mais força, a sua tese;

(NOTA: A concessão apoia-se em conectores: “certamente”, “sem dúvida”, “se é verdade que”, “embora”… e encerra com um conector de oposição: “mas”, “no entanto”, “contudo”).

Ø  R. por Analogia – aproxima-se o tema tratado de uma realidade simples e indiscutível.

 

 

TIPOS DE ARGUMENTO

Ø  Naturais ou de Autoridade: incluem os textos das leis e as opiniões emitidas por pessoas de prestígio e entendidas na matéria;

Ø  Verdades ou Princípios Universais: aceitação generalizada de um facto ou opinião;

Ø  Experiência pessoal;

Ø  Semelhança: apresentação de uma situação semelhante àquela que se está a apresentar.

 

 

MODALIZADORES

1) Estratégias de Modalização – conjunto de processos com os quais o enunciador

matiza, atenua ou afirma a sua posição:

Ø  Aparentar objectividade – uso de termos precisos ou técnicos para imprimir confiança e ser credível;

Ø  Divertir – o discurso deve divertir, recorrendo à ironia, à sátira ou à paródia, para ridicularizar os adversários;

Ø  Comover – espaço para a expressão dos sentimentos, regressando, porém, a um discurso de tipo objectivo e neutro.

2) Ironia – permite fazer compreender uma coisa diferente do que é dito, com o objectivo de ridicularizar a tese contrária.

 

 

O Orador pode usar várias Figuras de Retórica como técnica de persuasão:

Ø  Interrogação retórica;

Ø  Paralelismo;

Ø  Hipérbole;

Ø  Metáfora;

Ø  Comparação.

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